Caros diocesanos. Certamente, desde a infância, todos nós aprendemos o que é uma ponte, pois as usamos com muita frequência. Elas podem ter formas diversas e ser construídas com diferentes materiais, mas sempre acabam ligando margens opostas de cursos de água, de banhados ou vales. Em sentido figurado, junto com os dicionários, podemos dizer que ponte é qualquer elemento que estabelece ligação, contato, comunicação entre pessoas ou coisas. É então que chegamos a falar em ser ponte ou fazer ponte entre pessoas que se aproximam sempre mais ou entre pessoas que aos poucos, ou mesmo repentinamente, vem criando margens, por vezes bem distantes, e necessitam de pontes de encontro ou de reencontro, de reconciliação, de misericórdia e de perdão, tanto no mundo civil quanto no religioso.
Ao escrever este artigo lembro que a Igreja usa o termo Pontífice para referir-se ao Papa. Ele é o pontifex (pons = ponte + facere = fazer), aquele que faz ponte entre Deus e a Igreja – Povo de Deus -, da qual ele é o representante máximo, tornando-se o primeiro administrador da multiforme graça de Deus (cf. 1Pd 4, 10). Sabemos que o verdadeiro e definitivo Pontífice, Aquele que ligou (reconciliou) o céu e a terra, é o próprio Cristo. Depois de ter oferecido um sacrifício único, sentou-se para sempre à direita de Deus (cf. Hbr 10, 12). Jesus confiou este poder-serviço de ser ponte para os apóstolos e seus sucessores. Por isso, em comunhão com o Papa, Sumo Pontífice, estão também os bispos, por ele nomeados, os presbíteros e os diáconos, como colaboradores da ordem episcopal. Todos receberam a graça da ordenação e se tornam quais pontes (pontífices) ou administradores da graça de Deus para seu povo. Não por seu mérito, mas por vocação, por graça de Deus.
Contudo, o ser ponte pode ter um sentido ainda mais amplo. Todo cristão batizado pode e deve ser qual ponte de paz e de bem que interliga as pessoas. Como são importantes aqueles e aquelas que exercem um verdadeiro serviço de comunhão, de reconciliação em nossas famílias, comunidades e na sociedade em geral. São pessoas que constroem a paz e a fraternidade. Edificam pontes de amor onde os encontros ou reencontros, por vezes, até parecem distantes. Isso nos faz lembrar a bela missão das lideranças de nossas comunidades, que zelam pelo crescimento de unidade e de comunhão entre os fiéis. Refiro-me aos Conselhos, aos Ministros extraordinários aos Catequistas e todos os que cultivam o espírito da paz e do bem. Unidos a eles e elas, rezemos a Oração da Paz, normalmente atribuída a São Francisco de Assis - o santo da fraternidade universal:
“Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado. E é morrendo que se vive para a vida eterna”. Com a graça do Senhor, sejamos pontes de paz!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul