Caros diocesanos. Estamos num tempo especial do Ano Litúrgico. Depois da celebração do Ciclo do Natal e alguns Domingos do Tempo Comum, agora vivemos a Quaresma. Este tempo litúrgico, com características de penitência e conversão de vida, foi introduzido, já no IV século da era cristã, com o objetivo de preparar bem a celebração da Páscoa. Para nós brasileiros, desde 1964, estamos acostumados a viver neste tempo a Campanha da Fraternidade. É a forma original, brasileira, de viver o mandamento da caridade, do amor ao próximo. A partir do centro do Evangelho – mandamento do amor - nós queremos fazer a campanha de sermos mais irmãos/irmãs, ou seja, uma campanha de fraternidade. A palavra “frater”, proveniente do latim, significa “irmão”. É a retomada de consciência do que aconteceu conosco no Batismo: tornamo-nos irmãos e irmãs, em Jesus Cristo, filhos e filhas do mesmo Pai - Deus. A Quaresma de 2018 será para nós oportunidade muito especial para retornar ao sentido verdadeiro de sermos batizados, com suas consequências, diante de Deus e dos outros. Na Campanha da Fraternidade, em todos os anos, a Igreja do Brasil, através da Conferência Nacional dos Bispos, nos aponta para um dos aspectos concretos da nossa relação fraterna. Em 2018, o tema é: “Fraternidade e superação da violência”; e o lema vem do evangelho: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8). O objetivo, delineado na campanha, reza assim: “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência” (Texto-base, n. 15). Portanto, a Campanha da Fraternidade deste ano deseja despertar uma cultura de fraternidade que conduz para um modo de ser fraterno e aponta princípios de justiça e denuncia ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade. Iluminados pela Palavra de Deus, é possível buscar uma nova relação de amor e de cuidado com as criaturas, com os irmãos e as irmãs, e com Deus. O texto-base afirma que este caminho é sustentado pela oração, pelo jejum e pela esmola (n. 12).
O apelo de conversão que a Campanha da Fraternidade propõe nos conduz para ações concretas de não violência, de novas relações e de cuidados fraternos, o que leva a refletir a realidade da violência, suas causas e consequências; rezar pelos que a sofrem e unir as forças da comunidade para superá-la. Os discípulos missionários, seguidores de Jesus Cristo, se caracterizam por serem arautos da fraternidade e da paz, nos diversos âmbitos da sociedade, pois são todos irmãos.
Concluímos nossa mensagem de hoje, com a oração da CF de 2018:
“Deus e Pai, nós vos louvamos pelo vosso infinito amor
e vos agradecemos por ter enviado Jesus, o Filho amado, nosso irmão.
Ele veio trazer paz e fraternidade à terra e, cheio de ternura e compaixão,
sempre viveu relações repletas de perdão e misericórdia.
Derrama sobre nós o Espírito Santo, para que, com o coração convertido,
acolhamos o projeto de Jesus
e sejamos construtores de uma sociedade justa e sem violência,
para que, no mundo inteiro, cresça o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz. Amém”!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul