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22/03/2022 - QUARESMA E CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2022 – 04

Caros diocesanos. A quaresma, desde antiga tradição eclesial, ajuda a preparar-nos para a Páscoa. Este tempo é favorável à conversão do coração, voltando-nos mais a Deus e aos irmãos/ãs. Por isso, desde 1964, a CNBB convoca os fiéis para uma Campanha da Fraternidade, neste tempo litúrgico, para concretizar o ser fraterno em uma determinada realidade do nosso país. Como já vimos anteriormente, em 2022, aborda-se o tema da Fraternidade e Educação. Em mensagens anteriores já refletimos, no texto-base da CNBB, a temática do escutar e hoje continuamos na etapa do discernir, na metodologia do escutar-discernir-agir.

Tendo escutado a realidade da educação, somos desafiados a uma tomada de posição, à luz da fé. Entre a escuta e a ação é preciso discernir. Este discernimento se guiará pela Palavra de Deus, pela Tradição cristã e pelo Magistério da Igreja. Nossa referência primeira, portanto, será Jesus Cristo. Os discípulos se dirigem a ele como Mestre que ensina com autoridade, ou seja, diz e pratica. Jesus não ensina somente com palavras; seu ensinamento é também relacional, de proximidade, despertando o discernimento entre os interlocutores, levando-os a mudar seu modo de pensar e agir. Ele sabe escutar e apontar caminhos: “Os discípulos e discípulas, marcados pelas lições aprendidas com o Mestre, testemunhavam em sua ação missionária a pedagogia do amor, do diálogo, da compaixão e do cuidado com a vida” (TB 55). Muito cedo a Igreja percebeu a educação como elemento essencial de sua missão, na família e na comunidade, colaborando para a edificação de uma sociedade mais fraterna e justa: “Os discípulos missionários educadores, no decorrer dos séculos, encarnaram a Boa-Nova do Reino na aspiração de educar e formar as novas gerações para verdadeiramente assumirem seu protagonismo no mundo. À luz da fé em Jesus, mestre e educador, a missão educativa dos discípulos missionários tem sido promover a fraternidade a partir da força transformadora do Evangelho” (TB 168).

Há horizontes que são próprios da educação cristã. Ela se orienta pelo objetivo de formar a pessoa humana em todas as suas dimensões. Assim sendo, o ser humano está aberto à transcendência, considerado único, irrepetível, dotado de riqueza subjetiva. Por isso não pode ser instrumentalizado por nenhum motivo. A dignidade, a unidade e a igualdade de todas as pessoas ordenam ações humanas em vista do bem comum, princípio para a vivência da fraternidade e condição para a vida em sociedade.

O processo educativo faz parte integrante das relações familiares. Cabe à família, em primeiro lugar, mas não somente a ela, o direito e a responsabilidade de educar. É nela que aprendemos os valores humanos, cívicos, éticos e espirituais básicos. É no contexto familiar que fazemos a primeira experiência de viver e conviver, amar e ser amado; é o lugar privilegiado para crescer em sabedoria, idade e graça, como Jesus. Os pais são desafiados a serem também os primeiros catequistas da fé cristã, os quais proporcionam também a participação no processo da catequese de Iniciação à Vida Cristã na comunidade. Neste contexto, o Papa Francisco adiciona também a responsabilidade da escola: “A missão da escola é desenvolver o sentido do verdadeiro, o sentido do bem e o sentido do belo” (TB 213). Partindo da beleza das criaturas, pode-se chegar a ver e perceber, por analogia, o seu Criador.

Na próxima mensagem, concluiremos o resumo do texto-base da Campanha da Fraternidade deste ano com o agir, dentro da metodologia do escutar-discernir-agir. Abençoada quaresma.

 

Dom Aloísio Alberto Dilli

Bispo de Santa Cruz do Sul

Ouça a catequese do Bispo