Palavra do Bispo voltar
19/01/2017 - Pastoral Social

Caros diocesanos. Na Assembleia Diocesana de novembro passado nossa diocese de Santa Cruz do Sul deu atenção especial aos Sinais dos Tempos, a partir dos quais ouvimos as interpelações do Espírito Santo, acolhendo os apelos de conversão e de mudança. Abriu-se diante de nós um novo caminho: “Iniciação à Vida Cristã na perspectiva de uma Igreja samaritana”, uma Igreja missionária e servidora. 
Certamente, todos nós já nos damos conta que a nossa evangelização, para ser coerente, deve sempre chegar à caridade, ao amor concreto com os irmãos e irmãs. O cristianismo não é uma bonita teoria do mundo das ideias, mas uma forma de viver a partir do que Jesus Cristo ensinou e testemunhou, sobretudo pelo amor máximo de dar a vida. O critério de julgamento que Jesus apresenta no evangelho de São Mateus (Mt 25, 31-46) deixa claro que a caridade e o amor vividos ou não serão as referências para a salvação ou a condenação: “Eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me... Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes...Todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25, 35-36.40.45) 
Quando a Igreja fala em Ensino Social ou Pastoral Social, ela quer alertar os fiéis a cuidarem para que o evangelho e suas consequências cheguem ao chão da vida e a todas as pessoas, especialmente aos mais necessitados da sociedade, cujos direitos humanos costumam estar visivelmente ameaçados. Assim nasce nosso compromisso social, ou seja, o evangelho nos convida a irmos ao encontro dos que precisam de vida mais digna, segundo o projeto de Deus. Por isso podemos dizer que o compromisso social tem sua raiz na própria fé. O interesse autêntico pelos problemas da sociedade nasce do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo e da consequente solidariedade para com as pessoas. Portanto, não basta rezar nas igrejas para ser um bom e autêntico cristão. As mãos erguidas em prece devem ser as mesmas que são estendidas aos irmãos necessitados; e estas precisam da oração para não cansarem no praticar o bem.
Se o Espírito Santo nos fez um apelo maior em relação à pastoral social, a diocese quer estar mais atenta a essa dimensão de nossa vivência cristã nos próximos anos. A diocese já tem diversas ações sociais de inclusão e promoção humana, articuladas e animadas através da ASDISC (Ação Social Diocesana de Santa Cruz) e do Setor de Filantropia da Mitra Diocesana. Mas isto não é suficiente. Junto com as instituições, você, sua paróquia, sua comunidade, sua família, seu movimento e sua escola já pensaram que ações sociais poderiam realizar ou em que pastoral poderiam marcar presença e atuar? Lembremo-nos que o louvor de Deus não acontece apenas nas celebrações litúrgicas, nas vigílias ou devoções, por mais importantes que estas sejam. A dignificação da vida humana é também uma forma de louvar a Deus, pois fomos criados à imagem e semelhança Dele, portanto, para vida digna. Toda forma de vida indigna é uma agressão ao projeto de Deus. Que Ele nos encoraje e faça crescer nossa pastoral social, como Igreja samaritana!


Dom Aloísio A. Dilli 
Bispo de Santa Cruz do Sul
Ouça a catequese do Bispo