Na bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – Misericordiae Vultus – o Papa Francisco pede que “a quaresma deste Ano jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus” (n. 17).
Cientes de que o nosso Deus é o “Pai de misericórdia”, o Papa pede que busquemos, em nossa vida, ser “misericordiosos como o Pai do céu”. Para isso sugere que, durante o Jubileu, “o povo cristão reflita sobre as obras de misericórdia” apresentadas por Jesus: “dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentes, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos” (Mt 25,31-45). E pede que também não se esqueçam as obras de misericórdia espirituais, porque no julgamento final “ser-nos-á perguntado se ajudamos a tirar da dúvida, que faz cair no medo e muitas vezes é fonte de solidão; se fomos capazes de vencer a ignorância em que vivem milhões de pessoas; se nos detivemos junto de quem está sozinho e aflito; se perdoamos a quem nos ofende e rejeitamos todas as formas de ressentimento e ódio que levam à violência; se tivemos paciência, a exemplo de Deus que é tão paciente conosco; enfim se, na oração, confiamos ao Senhor os nossos irmãos e irmãos” (MV n. 15).
A Campanha da Fraternidade que estamos concluindo no Domingo de Ramos e nos faz refletir sobre a nossa responsabilidade para com a Casa Comum que é o Planeta Terra, também nos apresenta uma série de ações para reacendermos “a esperança de um novo céu e uma nova terra onde habitam a justiça e o direito”. O pressuposto é de que “a responsabilidade pela Casa Comum é de todos, dos governos e da população”. Na medida em que todos assumirem a sua responsabilidade, poderemos alimentar a esperança de que “o rio poluído se transformará em água cristalina e habitado por muitos peixes, a terra seca em uma terra renovada e abundante” (Conic, Texto-Base n. 28).
As obras de misericórdia que se pedem de nós são obras de cuidado pela meio ambiente e obras de ajuda aos irmãos “que vivem nas mais variadas periferias existenciais” (MV 15). Isso, porque, “a Terra é um sistema vivo e complexo”, onde todas as nossas opções ajudam ou atrapalham “a superação das desigualdades e das agressões à criação” (Conic 31). Para podermos dar de comer aos famintos e dar de beber aos sedentos, hoje e no futuro, precisamos zelar pela Casa Comum que nos fornece a água pura e o alimento saudável.
Vivamos, com intensidade, estes últimos dias da quaresma com os olhos voltados para o Deus Pai Criador e para o rosto misericordioso deste Pai que é Jesus Cristo pregado na cruz. Mostremos a nossa conversão através das “obras da misericórdia”.
Pe. Roque Hammes
Assessor de Comunicação