No 2º domingo da Páscoa, conhecido também como “Domingo Branco”, muitas pessoas
recordam o dia da sua Primeira Comunhão, ou da sua Comunhão Solene. Isso
porque, em anos idos, era neste dia que se celebrava, preferencialmente, a primeira
comunhão das crianças. Era uma bonita forma ligar a Eucaristia à Páscoa,
completando, desta forma a alegria pela ressurreição de Jesus.
Também no
segundo domingo da Páscoa a Igreja celebra a Misericórdia Divina,
convidando-nos a nos aproximarmos de Deus sem medo de sermos menosprezados ou
rejeitados. É um ensino bastante diferente daquilo que muitos de nós aprendemos
na infância, quando éramos alertados a ter medo de Deus porque Ele nos iria
castigar pelos pecados cometidos. Aliás, ainda hoje é comum escutar a afirmação
de que “Deus não mata, mas castiga”.
A
motivação para colocar o segundo domingo da Páscoa como o Domingo da Divina
Misericórdia, encontra amparo na consciência de que “foi na ressurreição que o
Filho de Deus experimentou de modo radical a misericórdia do Pai, que é mais
forte do que a morte” (João Paulo II, Carta Encíclica Dives in Misericordia).
Depois de ter passado pela dor do abandono
e pela morte na cruz, “Cristo revelou o Deus do amor misericordioso,
precisamente porque aceitou a Cruz como caminho para a ressurreição”. A
experiência que o próprio Cristo fez da misericórdia do Pai, levou-o a nos
ensinar que Deus é Pai de Misericórdia, que vai ao encontro do filho que o
havia abandonado cobrindo-o de beijos, conforme nos ensina a parábola do Pai de
Misericórdia, também conhecida como Parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32).
Enquanto
nos debruçamos sobre a misericórdia divina, somos também desafiados a fazermos
da misericórdia uma das nossas virtudes cotidianas. João Paulo II dizia que “a mentalidade
contemporânea tende a tirar do coração humano a idéia da misericórdia”. Em seu
lugar, prefere a palavra “justiça”, que muitas vezes é usada como sinônimo de
“vingança”. É o que se percebe em algumas manifestações populares onde a racionalidade
cede lugar ao ódio.
João Paulo
II prega que “o amor se transforma em misericórdia quando vai além da norma
exata da justiça; norma precisa e, muitas vezes, por demais restrita”. É o que
Jesus propõe ao dizer que são “felizes os misericordiosos” porque também eles
“encontrarão misericórdia” (Mt 5,7).
Faço votos
que nos abramos à misericórdia de Deus e acolhamos o dom da paz que nos é
almejado pelo Ressuscitado. Ao mesmo tempo convido a nos empenharmos a também
sermos misericordiosos e promotores da paz.
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano