Caros diocesanos. Chegou o final de 2022. Como se podia prever, no contexto da pandemia e suas consequências nos diversos campos da nossa vida, foi um ano difícil para todos nós, especialmente para os mais pobres. E talvez não estamos ainda tão próximos de soluções efetivas que nos façam retomar a esperança com otimismo, sobretudo quando olhamos para o mundo dos conflitos nacionais e internacionais, tantas vezes com tendências de caráter egoísta, quase sempre de interesses a partir do poder econômico, por vezes às custas da diminuição de recursos à saúde, à educação, à previdência ou outros campos que visam a dignidade e o bem de todos. Esperamos que o bom senso prevaleça e sejam tomadas medidas justas e honestas que valorizem, acima de tudo, a pessoa humana com sua dignidade e não se tomem decisões interesseiras que façam sofrer ainda mais os que já vivem nas periferias físicas e existenciais, como diria o Papa Francisco, que tivemos a graça de encontrar pessoalmente na Visita ad Limina.
O fim de ano é também momento de ação de graças por tudo o que foi bom em 2022 e que deu esperança para dias melhores. Como diz São Paulo: “Dai graças, em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus, no Cristo Jesus, a vosso respeito” (1Tes 5, 18). Como momento especial de graça, citamos o ano de nosso novo Plano de Pastoral 2022-2025, o qual nos faz retomar com novo ardor o processo da Iniciação à Vida Cristã; as Comunidades Eclesiais Missionárias, samaritanas e sinodais, como modo concreto de ser Igreja; e criar espaços de formação em todos os níveis. Sintamo-nos todos convidados a participar deste processo eclesial que deverá fortificar nosso sentimento de pertença à comunidade, sobretudo neste tempo de forte tendência individualista e em que a pandemia nos distanciou temporariamente das diversas formas de encontro comunitário. Como diz o Papa Francisco: “Não deixemos que nos roubem a comunidade! Ou: “Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!” (EG 92 e 101). É também motivo de Ação de Graças a ordenação de treze Diáconos Permanentes que tornaram o rosto da diocese ainda mais diaconal, com características de quem se coloca a serviço da palavra, da liturgia e da caridade. Outros ainda se preparam para o mesmo ministério.
O ano de 2022 também ficará na história pelos que partiram para a vida eterna: Nosso bispo-emérito, Dom Aloísio Sinésio Bohn, em 09 de junho, com 87 anos de vida e 45 de ministério episcopal, em Brasília, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul. Seu lema desejava que todos vivessem fraternalmente e fossem unidos: “Para que todos sejam um”, como Cristo rezou ao Pai, na véspera de sua morte. Nós, como Diocese de Santa Cruz do Sul, agradecidos por tudo que o Senhor nele e através dele realizou em seu longo e frutuoso ministério entre nós, clamamos: “Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno e a luz perpétua o ilumine. Descanse em Paz”. Em 20 de junho passado, também nos deixou o Pe Marcelino Sivinski, com seus 81 anos de vida e quase 55 de fecundo ministério presbiteral, sobretudo no campo da pastoral litúrgica. No seu testamento espiritual deixou escrito a significativa frase: “Não esqueçam de rezar por mim e lutar por um mundo mais justo e fraterno. Amar significa servir com simplicidade e humildade”.
Concluímos 2022, bendizendo o Senhor pelas alegrias e tristezas que vivemos, e agradecemos uns aos outros por todos os gestos de bondade e doação, de misericórdia e partilha que aconteceram no ano que finda. Continuemos esperançosos e façamos nossa parte para que tenhamos um mundo melhor e mais fraterno. Invocamos copiosas bênçãos para 2023, que desponta como novo ano da graça do Senhor. Aos diocesanos e todas as pessoas de boa vontade, desejamos um Feliz e Abençoado Ano Novo.
Dom Aloísio Alberto Dilli - Bispo de Santa Cruz do Sul