Estimados diocesanos. Certamente já é de vosso conhecimento que os
restos mortais do Cardeal Dom Aloísio Lorscheider foram transladados do
cemitério do Convento franciscano São Boaventura, de Daltro Filho –
Imigrante/RS - para o Santuário de Aparecida, onde havia exercido o ministério
episcopal, antes de retornar, como emérito, às suas origens: a Província São
Francisco de Assis, em Porto Alegre/RS. O Cardeal Lorscheider faleceu às
vésperas do Natal de 2007 (23/12/07) e foi enterrado em 26 de dezembro, dia em
que me foi concedida a graça de presidir uma das Missas de Corpo Presente, organizada
pelos franciscanos/as, na Catedral Metropolitana de Porto Alegre. Tive também a
graça de conviver por, aproximadamente, dois anos com este santo homem. Por vezes, chamava-me de ‘Xará’, pois éramos confrades
e amigos, e finalmente irmãos no ministério episcopal. Muito aprendi com sua
presença, tanto pelas palavras, quanto pelos inúmeros testemunhos de vida. Dele
também recebi, ao ser nomeado bispo, diversas insígnias que guardo como
verdadeiras relíquias. Hoje transcrevo uma parte das palavras proferidas na
homilia da missa, acima citada:
“
Vivemos num tempo
privilegiado do Ano Litúrgico, em que celebramos o mistério do Natal do Senhor
em nossa realidade humana. A Palavra se encarnou e veio habitar entre nós (Jo
1, 14). Deus assumiu nossa condição humana para que nós tivéssemos acesso ao
divino. Eis o grande projeto de Deus em relação a nós. Quando a comunhão do
divino com o humano acontece em nossa vida, esta se dignifica e nós nos
tornamos uma Boa Notícia, uma notícia de salvação. O Cardeal Dom Aloísio foi e
continua a ser esta Boa Notícia para todos os que o conheceram, especialmente
os simples e os pequenos; e nesta experiência nós fomos privilegiados, pois
pudemos conviver com ele, um Irmão extraordinário e único. Nele o plano do
Reino de Deus tornou-se realidade. A data de sua morte, na semana do Natal, nos
ajuda a entender melhor que ele nasceu para a verdadeira vida, aquela em que
não haverá mais morte, nem luto, nem choro, nem dor, pois o novo céu e a nova
terra serão realidade (Ap 21, 4). ...
Obrigado, Cardeal D.
Aloísio, porque hoje nos fez entender melhor o sentido das Bem-aventuranças em
sua e em nossa vida (Mt 5, 1-12).
Obrigado pelo testemunho humano de alegria, de bondade, de simplicidade e de
amor fraterno. Obrigado, sobretudo, pelo seu testemunho de fé. Obrigado, por
ter espalhado o dom de sua sabedoria e o perfume de sua santidade entre nós.
Deus seja louvado pelo dom de sua vida, tão ricamente partilhado conosco, com a
Província, com a Família Franciscana e com toda a Igreja. Louvado seja o Senhor
pela “Irmã morte”, caminho para a vida eterna, para a comunhão plena com Deus e
seus santos e santas. Sabemos que a ‘via crucis’ e o Calvário foram longos e
sofridos, com muitas Estações; mas a vida, mais uma vez, venceu a morte e agora
podemos celebrar a sua Páscoa, ou seja, o seu nascimento para a vida eterna.
Como disse a leitura do Livro da Sabedoria: ‘... sua esperança estava cheia de
imortalidade’ (Sab 3, 4). ...
Cardeal Dom Aloísio!
Não sei se o chamo de confrade, de xará ou de Irmão no ministério episcopal;
mas sei o que e como pedir, junto com a Família Franciscana e a Igreja: ‘D.
Aloísio, rogai por nós’! Cessem as palavras, falem as obras, ecoe o testemunho,
fale o silêncio...”.
Dom
Aloísio Alberto Dilli
Bispo
de Santa Cruz do Sul