Caros diocesanos. No terceiro capítulo da Carta-Encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos), o Papa Francisco faz um apelo para pensar e gerar um mundo aberto, pois o ser humano, mesmo sendo único e irrepetível, só pode atingir a plenitude no dom de si mesmo aos outros. A vida subsiste onde há vínculo, comunhão, fraternidade; e vale também o contrário: não há vida quando se tem a pretensão de pertencer apenas a si mesmo e de viver como ilhas: nestas atitudes prevalece a morte. O amor cria vínculos e amplia a existência e por isso nunca deve ser colocado em risco, pois o maior perigo é não amar; ele abre-nos aos outros e nos faz crescer e enriquecer a vida. Por isso não nos compreendemos sem uma teia mais ampla de relações e que fazem nascer aquela amizade social (que não exclui ninguém) e a fraternidade aberta a todos.
Disse-nos Jesus: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8). E o Papa afirma: “Independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros” (FT 96). Em consequência, o termo “próximo” perde todo o significado quando substituído apenas pela palavra “sócio”, aquele que é associado para determinados interesses, criando um mundo fechado: “A mera soma dos interesses individuais não é capaz de gerar um mundo melhor para toda a humanidade” (FT 105). O individualismo radical é um vírus que ilude. Faz-nos crer que, acumulando ambições e seguranças individuais, podemos construir o bem comum.
O documento insiste que todo ser humano tem direito de viver com dignidade e desenvolver-se integralmente, e nenhum país lhe pode negar este direito fundamental, pois a sua dignidade imensa de pessoa humana se baseia no valor do seu ser. Temos o dever de garantir que cada pessoa viva com dignidade e disponha de adequadas oportunidades para o seu desenvolvimento integral. Sem estes princípios elementares, não há futuro para a fraternidade nem para a sobrevivência da humanidade. Afirma ainda o pontífice: “Enquanto o nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima que seja e enquanto houver uma pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal” (FT 110). A destruição do fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses. Por isso, o Papa convida a todos: “Voltemos a promover o bem, para nós mesmos e para toda a humanidade, e assim caminharemos juntos para um crescimento genuíno e integral” (FT 113). O documento papal alerta para a formação destes valores na família, na escola e nos meios de comunicação: “Os valores da liberdade, respeito mútuo e solidariedade podem ser transmitidos desde a mais tenra idade” (FT 114).
O capítulo terceiro ainda lembra que a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e sempre salientou a sua função social. O princípio do uso comum dos bens criados para todos é o primeiro princípio de toda a ordem ético-social. Por isso afirma o Papa: “O desenvolvimento não deve orientar-se para a acumulação sempre maior de poucos” (FT 122). E conclui o documento: “É possível desejar um planeta que garanta terra, teto e trabalho para todos. Este é o verdadeiro caminho da paz, e não a estratégia insensata e míope de semear medo e desconfiança perante ameaças externas” (FT 127).
Disse-nos Jesus: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8). E o Papa afirma: “Independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros” (FT 96). Em consequência, o termo “próximo” perde todo o significado quando substituído apenas pela palavra “sócio”, aquele que é associado para determinados interesses, criando um mundo fechado: “A mera soma dos interesses individuais não é capaz de gerar um mundo melhor para toda a humanidade” (FT 105). O individualismo radical é um vírus que ilude. Faz-nos crer que, acumulando ambições e seguranças individuais, podemos construir o bem comum.
O documento insiste que todo ser humano tem direito de viver com dignidade e desenvolver-se integralmente, e nenhum país lhe pode negar este direito fundamental, pois a sua dignidade imensa de pessoa humana se baseia no valor do seu ser. Temos o dever de garantir que cada pessoa viva com dignidade e disponha de adequadas oportunidades para o seu desenvolvimento integral. Sem estes princípios elementares, não há futuro para a fraternidade nem para a sobrevivência da humanidade. Afirma ainda o pontífice: “Enquanto o nosso sistema econômico-social ainda produzir uma só vítima que seja e enquanto houver uma pessoa descartada, não poderá haver a festa da fraternidade universal” (FT 110). A destruição do fundamento da vida social acaba por colocar-nos uns contra os outros na defesa dos próprios interesses. Por isso, o Papa convida a todos: “Voltemos a promover o bem, para nós mesmos e para toda a humanidade, e assim caminharemos juntos para um crescimento genuíno e integral” (FT 113). O documento papal alerta para a formação destes valores na família, na escola e nos meios de comunicação: “Os valores da liberdade, respeito mútuo e solidariedade podem ser transmitidos desde a mais tenra idade” (FT 114).
O capítulo terceiro ainda lembra que a tradição cristã nunca reconheceu como absoluto ou intocável o direito à propriedade privada, e sempre salientou a sua função social. O princípio do uso comum dos bens criados para todos é o primeiro princípio de toda a ordem ético-social. Por isso afirma o Papa: “O desenvolvimento não deve orientar-se para a acumulação sempre maior de poucos” (FT 122). E conclui o documento: “É possível desejar um planeta que garanta terra, teto e trabalho para todos. Este é o verdadeiro caminho da paz, e não a estratégia insensata e míope de semear medo e desconfiança perante ameaças externas” (FT 127).
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul