Caros
diocesanos. Hoje vai nossa saudação especial para todas as mães, pelo merecido dia
a elas dedicado. O Dia das Mães sempre é carregado pela emoção e pelo afeto em relação
àquela que nos deu à luz neste mundo, esteja ela viva ou já tenha partido para
a eternidade. Nossas palavras sempre serão pobres demais quando queremos
agradecer o dom da vida, sobretudo no dia dedicado a ela. As palavras e os
gestos de gratidão ganham um sentido maior quando lembramos a mãe como o ser
que nos ensinou a fazer a experiência mais sagrada da pessoa humana: ser amado
e amar. São João Apóstolo nos diz que Deus é o amor. Se a mãe é o símbolo do
amor humano, então ela também tem muito de divino. Sim, amar é gesto divino.
Jesus ensinou que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos
outros. Quantos gestos maternos de doação da vida acontecem na relação
mãe-filho/filha e que refletem o amor do próprio Deus. Aliás, será que podemos
aprender a amar verdadeiramente sem este testemunho de nossas mães? Feliz de
quem pode fazer esta experiência de ser amado e aprender a amar, já no colo
materno. As mães têm grande responsabilidade neste sentido; o próprio Jesus
quis nascer e ter uma mãe: Maria Santíssima. Ela é também a nossa Mãe, entregue
a nós por Jesus Cristo no alto da cruz, no maior gesto de amor que a humanidade
já viu: doação de sua vida para nos salvar.
Refletindo
assim, como podemos desvalorizar a família, ambiente privilegiado para o
exercício da maternidade? Como pensar em tanto egoísmo, sem compromisso com a
vida, na busca inconsequente do hedonismo? Como pensar em aborto, em destruir a
vida, sem a mínima chance de sobrevivência? Percebe-se que pode haver também
atitudes nada maternas, ou seja, nada divinas, porque sem a presença do verdadeiro
amor. O amor gera vida; o egoísmo gera morte.
Ninguém de nós
duvida que as mães sejam dignas das mais belas homenagens. Mas sabemos também
que a sociedade de consumo fez desta data um dia de presentes, como se fosse
essa a principal forma de proporcionar felicidade àquela que nos gerou. É pena
que esse modo de pensar se tenha transformado na maior preocupação de muitos
filhos/as e até de parte das mães. O simbolismo dos presentes pode significar
muito, mas estes também podem ser vazios ou efêmeros, se falta o essencial: o
amor de mãe e o amor de filho/filha.
Com a
desestruturação familiar em curso, fica sempre mais difícil identificar a
verdadeira vocação de ser mãe e de ser pai, sobretudo dentro dos laços do
matrimônio estável. A família é definida como patrimônio da humanidade, um dos
tesouros mais preciosos de nossos povos. É considerada a primeira escola de fé
e de amor, verdadeira Igreja doméstica, como atesta o Documento de Aparecida (Cf.
DAp 114-115). É dentro desse contexto familiar que desponta a verdadeira figura
da mãe; aquela que, junto com o pai, recebeu de Deus a missão de dar
visibilidade concreta do amor-doação para os filhos/filhas. Este é o sentido
mais profundo da vocação de ser mãe: ensinar a experiência do amor. Por isso,
podemos afirmar que as verdadeiras mães têm muito ‘de divino’. Aproximam-se do divino à medida que amam como Jesus
ensinou.
No Dia das
Mães, por intercessão da Virgem Maria, recorremos a Deus com nossas preces, pedindo
que as abençoe, para que possam cumprir com fidelidade sua nobre missão. Que
sejam ‘parceiras’ divinas no gerar e cuidar a vida e no ensinar a experiência
do amor.
Dom Aloísio Alberto Dilli - Bispo de Santa Cruz do Sul