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02/08/2022 - VOCAÇÃO DOS PRESBÍTEROS

Caros diocesanos. Hoje saudamos particularmente os presbíteros e não esquecemos também dos diáconos permanentes, dentro do mês vocacional. A presente mensagem seja uma oportunidade para estarmos mais próximos na vocação que nos une, seja pelo chamado comum que recebemos do Senhor, seja pelo ministério a nós confiado de servir em comunhão o Povo de Deus. Ao contemplarmos a história do nosso estado de vida, percebemos o quanto foi importante o insistente chamado do Senhor e a nossa progressiva resposta de fé e amor a quem acreditou em nós e nos amou primeiro. Sob o aspecto humano, sentimos alegria pelo dom que Deus está oferecendo, através da Igreja, para ser profeta, sacerdote e pastor, ou seja, exercer o ministério de ensinar, de santificar e de pastorear o Povo de Deus; mas está também presente o sentimento da nossa pequenez, da nossa fragilidade ante tão grande missão. Não é por nada que existe o gesto da prostração total durante o rito da ordenação. Sob o aspecto humano, passam na mente as mesmas resistências que tiveram Moisés, Jeremias e Isaías diante do convite de Deus: um diz que não sabe falar, outro que ainda é uma criança, o terceiro argumenta que têm lábios impuros. Mas Deus continua insistindo em relação aos que ele chama. A causa do convite é dele; será em seu nome que o escolhido recebe a unção e é enviado para ensinar, santificar e pastorear suas ovelhas. Portanto, é o Senhor que chama e o candidato se coloca a serviço ou não, com maior ou menor intensidade e perseverança, podendo sempre contar com a ‘graça de estado’ (cf. 1Cor 10,13). Essa fidelidade divina precisa ser correspondida e renovada por aquele que o Senhor chamou para servir na sua Igreja. Para tal, a Igreja inclusive oferece ritos de renovação das Promessas Sacerdotais, como na semana santa.
Em nossa Visita ad Limina, em maio passado, o Papa Francisco nos lembrava da importância de não nos isolarmos no exercício do ministério. Precisamos estar próximos uns dos outros numa vivência de comunhão. Dentro deste contexto, o Papa lembrou-nos sua reflexão sobre as quatro proximidades. Quais são estas quatro relações importantes, em nossa vida de bispos ou presbíteros? 1º. Proximidade com Deus: Recebemos a missão de sermos ‘homens de Deus’: profetas, sacerdotes e pastores das ovelhas, a nós confiadas; 2º. Proximidade como bispos ou como presbíteros no exercício de nosso ministério, como responsáveis pelo pastoreio na Igreja, destacando a necessidade de nos ajudarmos uns aos outros; 3º. Proximidade dos bispos com o clero e consagrados/as: Nossa paternidade e fraternidade seja próxima deles e eles conosco; 4º. Proximidade com o Povo de Deus: às vezes, mais na frente para animar e indicar caminhos, mas outras vezes, no meio, para sentir, escutar, conviver e fazermos o caminho juntos, sendo que em outras oportunidades é preciso estar atrás para cuidar que ninguém se perca ou chamar de volta, quando alguém se desviou do caminho. Foi neste contexto que prometemos fidelidade e comunhão. A celebração diante da sepultura de São Pedro também recebeu esta característica: comunhão e fidelidade com a Igreja das origens e de todos os tempos.
Na Carta do 18º Encontro Nacional de Presbíteros é muito significativo podermos ler: “Reafirmamos nossa fidelidade ao Magistério da Igreja, na pessoa do Papa Francisco, na teologia bíblico-patrística, na eclesiologia do Concílio Vaticano II, na Teologia da Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho e nas orientações doutrinais e pastorais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, para vencermos o personalismo, o clericalismo e o isolamento pelo cultivo da comunhão, participação e missão”. O que também nos faz lembrar o que diz o Núncio Apostólico: onde não há comunhão, ali não está a verdade. O Senhor nos confirme na comunhão.

Dom Aloísio Alberto Dilli 
Bispo de Santa Cruz do Sul