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22/08/2023 - ANO VOCACIONAL - 04


Caros diocesanos. Continuamos hoje nossa reflexão sobre o Ano Vocacional, a partir do Texto-Base que nos acompanha, em todo Brasil. Já refletimos sobre a graça do chamado e agora destacaremos mais a missão daqueles que são chamados e a importância do incentivo a uma cultura vocacional.

Primeiramente poderíamos dizer que somos chamados para uma missão ou somos uma missão, como diz o Papa Francisco (cf. EG, n. 273). Neste sentido, afirma o Texto-Base: “Não há possibilidade de ‘permanecer com ele’ sem ‘sair para pregar’” (TB, n. 136). Isso significa que os chamados são enviados a evangelizar, para anunciar a Boa Notícia do Reino, como participantes da mesma missão de Jesus: “A missão de todo vocacionado e vocacionada nada mais é do que continuar no mundo a missão de Jesus” (TB, n. 185). Este caminho missionário deve ser percorrido em espírito de comunhão, de sinodalidade, sendo este modo de ser e agir o primeiro testemunho de evangelização.

Destacamos aqui novamente o objetivo geral do Ano Vocacional: “Promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus” (TB, n. 150). Esta cultura vocacional permite ao ser humano reencontrar a si mesmo e os valores superiores do amor, da amizade, da oração, proporcionando vida nova, “superando a ideologia neoliberal da competição, acumulação e consumo, por uma globalização solidária e democrática por meio de uma economia do bem viver” (TB, n. 166). Precisamos de uma Igreja de espírito sinodal e missionário, onde todos os batizados são convocados a se colocar a caminho para viverem a comunhão e a paz, para promover relações fraternas e o diálogo, mesmo entre os que pensam diferente. Somos desafiados a tomar consciência que o caminho sinodal e fraterno implica numa vida social, política, econômica sob o signo da justiça, da solidariedade e da paz (FT, n. 243). É para o serviço e para o amor que somos chamados e enviados em missão, em meio à diversidade de dons e ministérios, sempre com espírito comunitário e guiados pela Palavra de Deus. Afirma o Texto-Base: “Cada um, independentemente de sua vocação, é chamado a dar o testemunho de comunhão... Todos são chamados pelo Batismo e fortalecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, a ser Cristo na vida do mundo. E nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia, devem encontrar a força necessária para ser no mundo uma Igreja em saída” (TB, n. 192).

É na família e na comunidade que as pessoas descobrem e desenvolvem progressivamente o seu itinerário da fé cristã. E a catequese propicia o encontro vivo com o Senhor que transforma a vida e oferece critérios para o discernimento vocacional. Por isso ela é imprescindível na descoberta das vocações e carismas. Assim percebemos que a animação vocacional é tarefa de toda comunidade eclesial, sobretudo pelo testemunho. O acompanhamento vocacional exige o caminhar juntos, a proximidade, a escuta e o respeito pelo outro, o acolhimento das pessoas como são e na situação em que se encontram. O acompanhante do vocacionado tem a nobre tarefa de favorecer a relação entre a pessoa e o Senhor, ajudando a superar os desafios que o caminho vocacional encontra. Nunca esquecendo que o verdadeiro acompanhante é o Espírito Santo, pois a iniciativa do chamado é sempre de Deus.

Estas reflexões do Ano Vocacional façam arder também nossos corações e coloquem nossos pés no caminho, para promover a cultura vocacional nos ambientes de nossas famílias e comunidades e no mundo que nos rodeia. Abençoado Ano Vocacional!

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul

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