Caros diocesanos.
Continuamos hoje nossa reflexão sobre o Ano Vocacional, a partir do Texto-Base
que nos acompanha, em todo Brasil. Já refletimos sobre a graça do chamado e
agora destacaremos mais a missão daqueles que são chamados e a importância do
incentivo a uma cultura vocacional.
Primeiramente poderíamos
dizer que somos chamados para uma missão ou somos uma missão, como diz o Papa
Francisco (cf. EG, n. 273). Neste sentido, afirma o Texto-Base: “Não há possibilidade de ‘permanecer com ele’
sem ‘sair para pregar’” (TB, n. 136). Isso significa que os chamados são
enviados a evangelizar, para anunciar a Boa Notícia do Reino, como
participantes da mesma missão de Jesus: “A
missão de todo vocacionado e vocacionada nada mais é do que continuar no mundo
a missão de Jesus” (TB, n. 185). Este caminho missionário deve ser
percorrido em espírito de comunhão, de sinodalidade, sendo este modo de ser e
agir o primeiro testemunho de evangelização.
Destacamos aqui
novamente o objetivo geral do Ano Vocacional: “Promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e
na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as
vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus” (TB, n. 150).
Esta cultura vocacional permite ao ser humano reencontrar a si mesmo e os
valores superiores do amor, da amizade, da oração, proporcionando vida nova, “superando a ideologia neoliberal da
competição, acumulação e consumo, por uma globalização solidária e democrática
por meio de uma economia do bem viver” (TB, n. 166). Precisamos de uma
Igreja de espírito sinodal e missionário, onde todos os batizados são convocados
a se colocar a caminho para viverem a comunhão e a paz, para promover relações
fraternas e o diálogo, mesmo entre os que pensam diferente. Somos desafiados a
tomar consciência que o caminho sinodal e fraterno implica numa vida social,
política, econômica sob o signo da justiça, da solidariedade e da paz (FT, n. 243).
É para o serviço e para o amor que somos chamados e enviados em missão, em meio
à diversidade de dons e ministérios, sempre com espírito comunitário e guiados
pela Palavra de Deus. Afirma o Texto-Base: “Cada
um, independentemente de sua vocação, é chamado a dar o testemunho de
comunhão... Todos são chamados pelo Batismo e fortalecidos pela Confirmação com
a força do Espírito Santo, a ser Cristo na vida do mundo. E nos Sacramentos,
sobretudo na Eucaristia, devem encontrar a força necessária para ser no mundo
uma Igreja em saída” (TB, n. 192).
É na família e na
comunidade que as pessoas descobrem e desenvolvem progressivamente o seu
itinerário da fé cristã. E a catequese propicia o encontro vivo com o Senhor
que transforma a vida e oferece critérios para o discernimento vocacional. Por
isso ela é imprescindível na descoberta das vocações e carismas. Assim
percebemos que a animação vocacional é tarefa de toda comunidade eclesial,
sobretudo pelo testemunho. O acompanhamento vocacional exige o caminhar juntos,
a proximidade, a escuta e o respeito pelo outro, o acolhimento das pessoas como
são e na situação em que se encontram. O acompanhante do vocacionado tem a
nobre tarefa de favorecer a relação entre a pessoa e o Senhor, ajudando a
superar os desafios que o caminho vocacional encontra. Nunca esquecendo que o
verdadeiro acompanhante é o Espírito Santo, pois a iniciativa do chamado é
sempre de Deus.
Estas reflexões do
Ano Vocacional façam arder também nossos corações e coloquem nossos pés no
caminho, para promover a cultura vocacional nos ambientes de nossas famílias e
comunidades e no mundo que nos rodeia. Abençoado Ano Vocacional!
Dom Aloísio
Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul