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28/03/2023 - QUARESMA E CAMPANHA DA FRATERNIDADE - PARTE 5

Caros diocesanos. A quaresma vai adiantada e já nos familiarizamos com o tema da Campanha da Fraternidade que, em 2023, mais uma vez trata da fome. Para a solução do problema da fome, não bastam ações ocasionais ou de ajudas de emergência, por mais importantes que estas possam ser, mas é necessário corrigir questões estruturais que levam a situações permanentes de fome. Por isso os cristãos não podem ficar indiferentes diante dos irmãos que passam fome e não têm vida digna.

O engajamento na busca de soluções eficazes para o drama da fome deve inspirar-se no evangelho, pois a solidariedade nasce da espiritualidade. A caridade é o distintivo que nos identifica, ela é inerente ao nosso ser cristão. Nossas mãos erguidas em oração devem ser as mesmas que ajudam os irmãos que não têm dignidade de vida, como Deus a quer: “Cada pessoa, grupo, comunidade e instituição é convocada a discernir a respeito do que pode fazer diante do flagelo da fome” (TB, n.165).

            O texto-base da Campanha da Fraternidade dá algumas sugestões concretas:

1.      O que eu posso fazer? – Partilhar com aqueles que mais necessitam, em âmbito de família, comunidade, escola, trabalho; praticar jejum e reverter os alimentos respectivos para os pobres; rever o estilo de alimentação, cuidar do desperdício, colaborar nas coletas e participar em conselhos que cuidam dos direitos de vida digna das crianças, dos jovens, dos idosos; apoiar pastorais sociais e envolver-se no voluntariado; na política com espírito cristão para combater a fome e a pobreza, etc.

2.      O que nós, como comunidade-Igreja, podemos fazer? – Participar ativamente da Campanha da Fraternidade, organizada pela Igreja do Brasil, que destina 60% dos recursos arrecadados para o Fundo Diocesano de Solidariedade e 40% são enviados para o Fundo Nacional de Solidariedade; envolver-se em campanhas existentes que visam a solidariedade para a superação da fome e da pobreza na comunidade; incentivar as hortas comunitárias ou outras iniciativas, em vista de uma alimentação saudável e compartilhada; envolver-se em serviços de caridade e pastorais sociais que atuam na superação da desigualdade social e da fome; envolver os serviços pastorais como catequese, ministros extraordinários e demais lideranças comunitárias para refletir sobre a temática em questão e realizar ações concretas de combate à fome; incentivar a participação nos conselhos de direitos humanos; incentivar o ecumenismo, as escolas de Fé e Cidadania, a Doutrina Social da Igreja, etc.

3.      O que nós, sociedade cidadã, podemos fazer e cobrar dos políticos eleitos? Promover audiências públicas que discutam a situação da fome e colaborar com políticas públicas para erradicação da fome; organizar grupos de orientação e educação alimentar, economia doméstica, horta em casa; promover atividades escolares sobre a fome; incentivar as hortas comunitárias, a produção diversificada de alimentos na agricultura familiar e investir na merenda escolar; ampliar as feiras populares; priorizar a vida dos cidadãos aos interesses econômicos e garantir alimentação acessível e saudável a todo povo, etc..

Para o sucesso da Campanha da Fraternidade é preciso que haja envolvimento de todos os atores eclesiais na organização, formação e divulgação. Todos os batizados devem unir-se neste serviço de comunhão eclesial, de formação das consciências e do comportamento cristão em vista da edificação de uma verdadeira fraternidade cristã: “Um conjunto de reflexões e ações que deve envolver o todo da Igreja, transbordando para o todo da sociedade” (TB, n.174). Desejamos a todos uma boa Campanha da Fraternidade.

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul