Caros diocesanos.
A quaresma vai adiantada e já nos familiarizamos com o tema da Campanha da
Fraternidade que, em 2023, mais uma vez trata da fome. Para a solução do
problema da fome, não bastam ações ocasionais ou de ajudas de emergência, por
mais importantes que estas possam ser, mas é necessário corrigir questões estruturais
que levam a situações permanentes de fome. Por isso os cristãos não podem ficar
indiferentes diante dos irmãos que passam fome e não têm vida digna.
O engajamento na
busca de soluções eficazes para o drama da fome deve inspirar-se no evangelho,
pois a solidariedade nasce da espiritualidade. A caridade é o distintivo que
nos identifica, ela é inerente ao nosso ser cristão. Nossas mãos erguidas em
oração devem ser as mesmas que ajudam os irmãos que não têm dignidade de vida,
como Deus a quer: “Cada pessoa, grupo,
comunidade e instituição é convocada a discernir a respeito do que pode fazer
diante do flagelo da fome” (TB, n.165).
O
texto-base da Campanha da Fraternidade dá algumas sugestões concretas:
1.
O
que eu posso fazer? – Partilhar com
aqueles que mais necessitam, em âmbito de família, comunidade, escola,
trabalho; praticar jejum e reverter os alimentos respectivos para os pobres;
rever o estilo de alimentação, cuidar do desperdício, colaborar nas coletas e
participar em conselhos que cuidam dos direitos de vida digna das crianças, dos
jovens, dos idosos; apoiar pastorais sociais e envolver-se no voluntariado; na
política com espírito cristão para combater a fome e a pobreza, etc.
2.
O
que nós, como comunidade-Igreja,
podemos fazer? – Participar ativamente da Campanha da Fraternidade, organizada
pela Igreja do Brasil, que destina 60% dos recursos arrecadados para o Fundo
Diocesano de Solidariedade e 40% são enviados para o Fundo Nacional de
Solidariedade; envolver-se em campanhas existentes que visam a solidariedade
para a superação da fome e da pobreza na comunidade; incentivar as hortas
comunitárias ou outras iniciativas, em vista de uma alimentação saudável e
compartilhada; envolver-se em serviços de caridade e pastorais sociais que
atuam na superação da desigualdade social e da fome; envolver os serviços
pastorais como catequese, ministros extraordinários e demais lideranças
comunitárias para refletir sobre a temática em questão e realizar ações
concretas de combate à fome; incentivar a participação nos conselhos de
direitos humanos; incentivar o ecumenismo, as escolas de Fé e Cidadania, a
Doutrina Social da Igreja, etc.
3.
O
que nós, sociedade cidadã, podemos fazer e cobrar dos políticos eleitos?
Promover audiências públicas que discutam a situação da fome e colaborar com políticas
públicas para erradicação da fome; organizar grupos de orientação e educação
alimentar, economia doméstica, horta em casa; promover atividades escolares
sobre a fome; incentivar as hortas comunitárias, a produção diversificada de
alimentos na agricultura familiar e investir na merenda escolar; ampliar as
feiras populares; priorizar a vida dos cidadãos aos interesses econômicos e
garantir alimentação acessível e saudável a todo povo, etc..
Para o sucesso da
Campanha da Fraternidade é preciso que haja envolvimento de todos os atores
eclesiais na organização, formação e divulgação. Todos os batizados devem
unir-se neste serviço de comunhão eclesial, de formação das consciências e do
comportamento cristão em vista da edificação de uma verdadeira fraternidade
cristã: “Um conjunto de reflexões e ações
que deve envolver o todo da Igreja, transbordando para o todo da sociedade”
(TB, n.174). Desejamos a todos uma boa Campanha da Fraternidade.
Dom Aloísio
Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul