Caros
diocesanos. Queridas mães. Com alegria especial celebramos novamente o dia das
mães em nossas famílias e comunidades. Mais uma vez desejamos saudar com
carinho especial aquela que nos gerou para a vida e recordar fatos, gestos,
testemunhos de amor em que emerge o verdadeiro sentido de ser mãe. A celebração
desse dia evoca em nós, normalmente, sentimentos filiais da maior grandeza,
sobretudo, de reconhecimento e gratidão. Cada um de nós haverá de encontrar o
melhor modo de homenageá-la, mesmo que seja na simplicidade de um abraço, de
uma flor, de uma prece para quem já partiu para a vida eterna.
Hoje desejamos apresentar um precioso texto, escrito Dom Ângelo Domingos
Salvador – Bispo Emérito de Uruguaiana e Ordenante principal do bispo que vos
escreve - para homenagear as mães, especialmente a dele, com o título MÃE
IDEAL: “Ao homenagear minha mãe, já
falecida, tenho presentes todas as mães da família Salvador, vivas ou
falecidas. O que digo de minha mãe, quero dizê-lo a todas e de todas as mães.
Minha
mãe era quase analfabeta. Mas ela me ensinou tudo o que sabia. Fui alfabetizado
por ela, nos momentos de descanso, na roça, após o almoço, e à noite, em casa.
De seu ventre recebi a vida; nos seus braços, aprendi a amar; de joelho ensinou-me
a rezar; por sua fé, encaminhou-me para a vocação sacerdotal. Para mim, ela foi
mãe natural, mãe cristã e mãe sacerdotal: ela gerou-me para a vida, para a fé e
para o sacerdócio. Que mais poderia desejar dela? Ela foi para mim uma mãe
ideal.
Mãe
natural. Poder gerar a vida! Haverá poder maior? Gerar a vida por amor! Haverá
dom maior? Por isso, gerar vidas é maior e melhor que tudo o mais. Sim, tudo
tem valor: Diplomação acadêmica tem valor; profissão tem valor; fazer carreira
política tem valor. Mas nada, absolutamente nada nesta terra, tem mais valor
que o poder de gerar vidas humanas, por amor. Tudo realiza; tudo plenifica;
tudo satisfaz. Mas nada realiza melhor; nada plenifica mais; nada causa maior
satisfação que gerar vidas humanas, por amor. Pois bem, minha mãe gerou minha
vida, por amor!
Mãe
cristã. Vida de filhos de gente é mais. Vida de filhos de Deus é muito mais.
Gerar vidas, por amor, é gerar fé na vida. Deus é amor: quem gera por amor,
gerando amor na vida, gera a vida de Deus. Todas as noites, depois de saciar
com amor os nossos corpos famintos, rezávamos juntos, pais e filhos. Para a
simplicidade de colonos italianos, orar era rezar o terço. Tal era a fé de
minha mãe que, no leito de morte, realizava um ou outro de dois gestos: fazia
que costurava roupas com sua velha agulha ou fazia que rezava o terço, percorrendo
as contas, movendo os lábios. Foi assim, com amor, que ela gerou a fé cristã em
meu coração.
Mãe
sacerdotal. Minha mãe foi minha catequista. A cozinha era a sala de aula. Com
ela aprendi a gostar do pão de trigo que ela cozinhava e do Pão Eucarístico para
que ela me preparava. Todos os domingos invariavelmente, fazíamos uma
peregrinação, a cavalo, até a Igreja matriz para a Missa Dominical, onde
encontrávamos o sacerdote. Finalmente, com meu pai fui à Ordenação de um
Presbítero. De repente, nasceu em mim a convicção: Eu também posso vir a ser Padre!
Assim, passei da cozinha de minha mãe para o altar de Deus. Mãe ideal, minha
mãe!”.
Feliz de quem pode referir-se desta forma à sua mãe. Cada um de nós encontre
sua maneira filial de valorizar e agradecer à MÃE.
Dom
Aloísio Alberto Dilli
Bispo
de Santa Cruz do Sul.