Caros diocesanos. Muitos de nossos leitores, sobretudo amigos das redes sociais, devem perguntar-se: - Por que nosso Irmão-bispo gosta tanto de flores, fotografando-as e fazendo-as ‘falar’, expressando as mais diversas situações da vida e até do ministério?! Os motivos podem ser muitos, desde o espírito da fraternidade universal de São Francisco de Assis até o sempre florido jardim da família, cultivado com especial carinho pela, hoje falecida, mãe Verônica. Ao celebrarmos o Dia das Mães, com saudade, recordamos mamãe que soube cultivar, com maestria ímpar, como tantas outras mães, coloridas e variadas flores, ao redor da casa. Essa cultura herdada dos antepassados faz parte da acolhida aos familiares e demais pessoas no ambiente da casa; tornou-se parte integrante do cultivo do belo, presente na generosa criação de Deus; não esquecendo que as flores sempre foram consideradas como expressão privilegiada da alegria de viver e conviver, proporcionando nobreza aos diversos ambientes da casa e solenizando momentos da vida.
Nas imediações da celebração do Dia das Mães, cada um de nós leva em seu coração as mais variadas experiências em relação àquela pessoa especial que nos transmitiu a vida, precioso dom e compromisso. Ao falar em flores e em nossas queridas mães, gostaria de partilhar convosco uma experiência de relação materna, que ficou marcada na história da vida. Nos tempos da adolescência juvenil, quando já estava no seminário franciscano, os irmãos e eu percebemos que os pais haviam erguido um arco, com vara de ferro de construção, próximo da porta principal da entrada/saída da casa. Junto ao mesmo, a mamãe Verônica plantou um pé de rosa trepadeira, aquela que produz pequenos cachos de flores, cuja cor já se expressa no próprio nome. Com o tempo, a roseira foi crescendo e o arco ficou lindo e florido e todos gostavam de passar por ele. Determinado dia das férias, ao comentarmos a beleza da curvatura florida, a mãe disse: “Se Deus quiser e o que depender de nós, um dia ainda vamos ver um neo-sacerdote passar por este arco de flores”. De fato, na família sempre se rezou pelas vocações e nunca faltou apoio vocacional em todos os sentidos, seja dos familiares quanto da comunidade e dos formadores.
Os anos se passaram e o arco repetia sua nobre e florida missão, contendo em sua seiva o secreto desejo familiar de um dia ver passar um filho ou irmão sacerdote para ser ordenado e presidir sua primeira missa solene na Capela Mãe de Deus (Boa Vista – Poço das Antas/RS), a menos de duzentos metros da casa. Nos dias 01 e 02 de janeiro de 1977 esse sonho se tornaria realidade, com a Ordenação Presbiteral e Primeira Missa Solene desse que vos escreve ou fala. Mas a história e a graça de Deus estavam reservando novas surpresas: em 29 e 30 de dezembro de 1984, aconteceria o mesmo ritual, pela segunda vez, com nosso irmão, já falecido, Frei Hédio Lourenço Dilli, Ofm, “Flor cedo colhida para o Altar do Senhor” (Cf. livro sobre sua vida, com esse título).
Haveria ainda novas emoções a passar pelo arco florido, também vividas pela mamãe Verônica, como a ordenação episcopal de seu filho, vosso Irmão-bispo, que precisou inclinar-se, uma vez que o arco não previa passagem de mitrados. E por esse arco florido, mamãe Verônica viu passar, além dos ordenados, 07 filhos noivos para constituir famílias e assim também as flores serem cultivadas, de geração em geração. Além dos desejos secretos, toda visita, que pelo arco florido passava, era bem-vinda. No Dia das Mães, oferecemos simbolicamente uma rosa para cada mãe, viva ou falecida; e junto ao perfume da flor, qual desejo secreto do coração, vai nossa bênção e nossa prece pelas mães e pelas vocações.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Bispo de Santa Cruz do Sul