Caros diocesanos. A Paz esteja convosco. Primeiro
de Janeiro é Dia Mundial da Paz. Também a nossa primeira mensagem de 2022 terá
presente este tema, junto com a profecia, pois os profetas são mensageiros da
verdadeira paz. Este não era o modo de pensar dos antigos romanos e muitas
pessoas do nosso tempo: “Si vis pacem
para bellum” (= Se queres a paz prepara a guerra). Cada vez que lemos esta
frase e refletimos sobre as suas consequências através dos séculos, inclusive
em nosso tempo, sentimos uma profunda tristeza. Quanta violência à vida por
priorizar o poder e a ganância em relação aos valores do diálogo e da paz. Não
iniciemos o ano com o espírito guerreiro e conquistador dos antigos romanos,
mas com o espírito do Papa, hoje santo, Paulo VI: “Si vis pacem para pacem” (= Se queres a paz prepara a paz). Sejamos
promotores ativos da paz e não da violência que fere e que mata.
Para
ajudar-nos na reflexão e conduzir-nos a atitudes proféticas que levam à paz,
sugiro rápida síntese de Frei Inácio Dellazari sobre a Dimensão Profética da Vocação Franciscana nos Tempos Atuais. O
confrade apresenta o profetismo em cinco pontos (cf. Rapidinho 28, julho de 2021):
1.
Perfil
do Profeta: É uma pessoa de comunhão com Deus; não fala por si mesma. É
alguém que também conhece profundamente a realidade e aponta nela os desvios da
humanidade diante do projeto de Deus, no qual acontece a encarnação de Jesus
Cristo. Neste sentido o Papa Francisco se torna um profeta de esperança e de
paz para o nosso tempo.
2.
A
Fraternidade como Profecia: Ser fraterno em nosso tempo de polarizações é
ser profeta. À luz do evangelho, é possível superar as divisões entre as
pessoas. É preciso trabalhar contra as desigualdades sociais, políticas, econômicas
e culturais. O primeiro sinal de profetismo é promover a vida fraterna.
3.
A
Promoção da Paz: Como já constatamos acima, somente pessoas desarmadas
promovem a paz. São pessoas que sabem dialogar e não se sentem donos da verdade.
Frei Inácio afirma: “Defender a vida
implica na denúncia de tudo que agride, destrói e ameaça a vida”. Fabricar
armas não é preparar a paz, mas a guerra que agride, destrói e mata.
4.
Minoridade:
A partir do exemplo de São Francisco de Assis, na vida dos Frades, o ser menor é fundamental. O próprio Jesus
é o exemplo: fez-se pequeno, sobretudo, em três mistérios: na encarnação, na
cruz e na eucaristia. Quando nós queremos ser grandes e ocupar o lugar de Deus
começam os problemas. Um mundo fraterno somente é possível entre menores. Neste
sentido afirma o franciscano: “Isso vale
nos relacionamentos pessoais, entre comunidades e países”.
5.
Cuidado
pela Vida: O tempo da pandemia nos alertou para o cuidado da vida como
desafio maior. Interesses pessoais, econômicos, políticos e culturais não podem
estar acima da vida humana. Frei Inácio concluiu seu artigo, dizendo: “O respeito, o cuidado, a reverência e a
sensibilidade pela vida sempre foram sinais proféticos no mundo. A paixão por
Deus sempre passa pela paixão por toda humanidade”.
Para concluir, primeiro
de Janeiro também é dia dedicado à Mãe de
Deus: Maria Santíssima acolheu em sua fé e seu ventre o Filho de Deus, com
a disponibilidade de quem é menor, ou seja, a “Serva do Senhor”. Jesus Cristo é anunciado como o “Príncipe da Paz” (Is 9, 5). Que esta paz
esteja conosco todos os dias do Ano Novo e sejamos profetas dessa PAZ para
todos/as!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul