Caros
diocesanos. Estamos no mês de maio, mês dedicado a Nossa Senhora. Por isso, apresentaremos
esta mensagem com os olhos e os ouvidos voltados à Mãe de Deus e nossa. Ela nos
ensina a sermos discípulos fiéis de Jesus Cristo. O Concílio Ecumênico Vaticano
II considera Maria Santíssima como modelo de ser Igreja, Povo de Deus. Ela, a
partir da fé e da obediência, consagrou-se totalmente como serva do Senhor,
sempre disposta a fazer sua vontade. Por isso o Concílio quis destacar seus
méritos, na salvação realizada por seu Filho Jesus Cristo, com estas palavras:
“Ela ocupa o lugar mais alto depois de
Cristo e o mais perto de nós” (LG 54).
A união
(simbiose) entre Mãe e Filho na obra da salvação manifestou-se desde sua
concepção até a morte na cruz, onde ela foi dada por Jesus como mãe para todo
gênero humano, na pessoa de João (cf. Jo 19, 26-27). Maria fez-se presente
também na vinda do prometido Espírito Santo, em Pentecostes (cf. At 1, 14), no
alvorecer da Igreja. Afirma ainda o Concílio Vaticano II: “Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da
culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e
alma à glória celeste” (LG 59). Sua assunção não foi separação, pois Maria
está sempre relacionada com a Igreja. Ela é o modelo de Igreja, exemplo de
virtudes, sobretudo de união com Cristo. Como membro do Corpo Igreja, por sua
constante intercessão, continua a cuidar dos irmãos/irmãs de seu Filho, que
ainda peregrinam sobre a terra, qual medianeira ou advogada, mesmo sendo Cristo
nosso único mediador (cf. LG 62-63). Por isso ela é honrada com culto especial
pela Igreja, mas este sempre deve conduzir a Cristo: “Origem de toda verdade, santidade e piedade” (LG 67).
Na sua
admoestação final, ao falar do culto a Maria, o documento conciliar afirma: “Saibam os fiéis que a verdadeira devoção não
consiste num estéril e transitório afeto, nem numa certa vã credulidade, mas
procede da fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer a excelência da
Mãe de Deus, impulsionados a um amor filial para com nossa Mãe e à imitação das
suas virtudes” (LG 67).
Ao venerarmos a
Virgem Maria, como Mãe de Deus, ela não se distancia de nós, antes, torna-se
também nossa Mãe. Ela concebeu o Verbo da vida, no coração e no corpo. Já
diziam os Santos Padres: “Prius in mente
quam ventre Maria concepit” (Maria concebeu antes na mente do que no
ventre), pois antes de conceber o Verbo em seu corpo ela já o havia concebido
em sua fé, seu coração, sua vida. Citando S. Ambrósio, Bento XVI afirma que,
pela fé, Cristo vem habitar também em nossa vida: “Cada cristão que crê, em certo sentido, concebe e gera em si mesmo o
Verbo de Deus: se há uma só Mãe de Cristo segundo a carne, segundo a fé, porém,
Cristo é fruto de todos” (VD 28). Além disso, destacando o discipulado fiel
de Maria, lemos nos Sermões de S. Agostinho: “Santa Maria fez totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para
ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser
discípula do que mãe de Cristo. Assim Maria era feliz porque, já antes de dar à
luz o Mestre, trazia-o na mente” (Sermo 25,7 in LH, vol. IV, p. 1466). Maria nos conquiste e ensine como
acolher, seguir e anunciar Jesus Cristo em nossa vida e em nosso tempo. Que as
celebrações marianas do mês de maio nos façam ir além de simples busca
devocional ou atos passageiros, mas nos conduzam a Jesus Cristo e nos façam
verdadeiros discípulos/as, como Maria o foi em toda sua vida.
Dom Aloísio Alberto Dilli
- Bispo de Santa Cruz do Sul