Caros diocesanos. Nossa 12ª Assembleia Diocesana de Pastoral deu prioridade para a Iniciação à Vida Cristã, com inspiração catecumenal, ou seja, inspirada no processo da catequese dos primeiros séculos do cristianismo. Neste processo toda comunidade era envolvida. A distribuição das leituras da Palavra de Deus, nas celebrações litúrgicas dos diversos domingos da quaresma, contemplava as temáticas relativas aos que se preparavam para receber os sacramentos da Iniciação Cristã, assim como para os já inseridos há mais tempo na vida da comunidade cristã. Catequese e liturgia andavam de mãos dadas e estavam ligadas à vida da comunidade e nela inseriam os iniciados.
Os documentos da Igreja nos desafiam a retomar esse processo catecumenal, adaptado ao nosso tempo, uma vez que a catequese sacramental desenvolvida atualmente não surte mais o efeito esperado. É preciso buscar um novo espírito e novos caminhos. Vivemos uma mudança de época que exige conversão pastoral. Uma Igreja acomodada e de simples manutenção se torna medíocre e não mais evangeliza. Há muitos batizados, mas não evangelizados suficientemente. O número de católicos diminuiu; outros vivem como se Deus não existisse (secularismo). A mudança de época exige que o anúncio de Jesus Cristo não seja mais pressuposto, mas explicitado continuamente.
A proposta catequética a serviço do processo de iniciação à vida cristã ou à vida de fé consiste na passagem do simplesmente doutrinal para modelo mais experiencial. O Papa Francisco insiste na importância do querigma, o primeiro anúncio: “Na boca do catequista, volta a ressoar sempre o primeiro anúncio: ‘Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar... é o primeiro em sentido qualitativo, porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras” (EG 164). O Papa acentua ainda que este anúncio é como Boa-Nova: ele é belo, alegre, solidário (cf. EG 167-169).
Esta catequese de espírito catecumenal objetiva mudança de comportamento e nunca pode ser considerada concluída, como se tivesse caráter de formatura cristã, pois o cristão sente necessidade de catequese permanente (cf. IVC 66-69). O processo de inspiração catecumenal começa a experiência da caminhada para Deus, rumo à maturidade em Cristo, dentro da comunidade cristã.
No início do cristianismo o valor deste mistério era experimentado (celebrado) e depois explicitado detalhadamente através de uma catequese chamada mistagógica, que iniciava e aprofundava a experiência do mistério (cf. IVC 43-44), desembocando em vida cristã permanente e conseqüente. Também hoje as comunidades cristãs devem estar preparadas para permitir que o encontro com Jesus Cristo se faça e se refaça permanentemente (cf. DGAE 2015-2019, n. 43).
Pelo processo de Iniciação à Vida Cristã, no espírito catecumenal, buscamos novos caminhos para a catequese de nossas comunidades: catequistas, famílias, padrinhos, ministros, liturgistas, todos nós. Você também é convidado.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul