Palavra do Bispo voltar
03/05/2018 - Papa Francisco - Dia Mundial das Comunicações

Caros diocesanos. Por ocasião da solenidade da Ascensão do Senhor, o Papa costuma emitir uma mensagem sobre as comunicações sociais. Em 2018, o Santo Padre acentua a importância da transmissão da verdade pelos meios de comunicação social, condenando o fenômeno das falsas notícias (Fake News), que se baseiam em informações sem fundamento, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. Sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos; ou explorar emoções imediatas e fáceis de suscitar, como a ansiedade, o desprezo, a ira e a frustração. Os danos muitas vezes são irreversíveis, mesmo sendo desmentidos posteriormente.
O Papa Francisco usa a comparação bíblica da sedução da serpente no paraíso (Gn 3, 1-15) para mostrar como a argumentação falsa pode ser enganosa e levar a trágicas consequências contra Deus, o próximo, a sociedade e a criação. As falsas notícias tornam-se frequentemente virais, ou seja, propagam-se com grande rapidez e dificilmente são controláveis, sobretudo pelo fascínio e avidez insaciáveis que facilmente se acendem no ser humano. As motivações econômicas e oportunistas facilmente nos movem, de falsidade em falsidade, para roubar-nos a liberdade do coração, ofuscando o nosso íntimo. Por isso afirma o Papa: “Educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós”. É preciso deixar-se purificar pela verdade. Como afirma o Evangelho: “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32). Jesus mesmo se apresenta como “A Verdade” (cf. Jo 14, 6). Assim podemos dizer que nossa verdade está fundamentada na verdade de Deus. Portanto, a libertação da falsidade e a busca do relacionamento são ingredientes que não podem faltar, para que nossas palavras e nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e credíveis. A verdade favorece a comunhão e promove o bem; a mentira tende a isolar, dividir e contrapor. A verdade brota de relações livres entre as pessoas, na escuta recíproca.             
O Papa fala ainda que a paz é a verdadeira notícia: pessoas livres de ambição, prontas ao diálogo sincero, atraídas pela paz e o bem, são o melhor antídoto contra a falsidade. Daí nasce a responsabilidade dos comunicadores: o mais importante não é a rapidez e a influência da notícia, mas a sua veracidade para as pessoas. O Papa deseja um jornalismo de paz, feito como serviço para todas as pessoas e que não se limita a queimar notícias. A mensagem termina com adaptada oração franciscana da paz: “Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão. Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos. Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs. Vós sois fiel e digno de confiança; fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo: onde houver rumor, fazei que pratiquemos a escuta; onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia; onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza; onde houver exclusão, fazei que levemos partilha; onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; onde houver superficialidade, fazei que ponhamos interrogativos verdadeiros; onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança; onde houver agressividade, fazei que levemos respeito; onde houver falsidade, fazei que levemos verdade. Amém”.

Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul
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