Caros diocesanos. Estamos no mês de agosto, que costuma receber um caráter vocacional para os diversos estados de vida ou vocações específicas, pois todas são importantes na Igreja. Pelo batismo somos todos chamados, vocacionados à santidade. Essa é a nossa vocação comum. Jesus nos quer todos como discípulos e familiares seus para compartilhar conosco a vida divina. Descobrimos que, a partir do batismo, todos os fiéis adquirem igual dignidade, são chamados à santidade e convidados a participar da realização do reino de Deus (cf. LG 32), em seu estado de vida.
Na primeira semana, costumamos lembrar mais os que fazem parte do clero, como já o fizemos em programa anterior. O ministério ordenado, assim como o conhecemos hoje na Igreja, tem seu fundamento principal no sacerdócio de Jesus Cristo, Cabeça e Pastor, do qual participa. Na Exortação Apostólica sobre a formação dos sacerdotes, Pastores Dabo Vobis, o então papa João Paulo II afirmou que “o sacerdote tem como referência fundamental o relacionamento com Jesus Cristo Cabeça e Pastor: ele, de fato, participa de modo específico e autorizado, na ‘consagração/unção’ e na ‘missão’ de Cristo (cf. Lc 4, 18-19)” (PDV 16). E resume assim a grandeza do ministério sacerdotal dos ordenados: “A vida e o ministério do sacerdote são a continuação da vida e da ação do próprio Cristo. Esta é a nossa identidade, a nossa verdadeira dignidade, a fonte da nossa alegria, a certeza da nossa vida” (PDV 18). Eis a grande missão de quem vive o ministério sacerdotal ordenado: fazer da sua vida uma incansável doação aos irmãos; um servir constante à Igreja, por causa de Cristo.
Na segunda semana, recordamos os pais. Contudo deveríamos, em sentido vocacional, destacar a vocação para a vida em família, como pequena Igreja ou Igreja doméstica, onde acontece a vocação de ser pai e ser mãe, assim como rezamos: “Ó Deus Trindade, comunhão perfeita no amor. Nossas famílias vos louvam e agradecem, por serem chamadas a realizar as maravilhas do vosso amor, no aconchego de seus lares. Sejam ambientes onde a vida humana nasce e se acolhe, generosa e responsavelmente. Cada família possa tornar-se escola de fé, fazendo dos pais os primeiros catequistas de seus filhos, começando em casa o processo da iniciação à vida cristã. Possam tornar-se santuário da vida e Igreja doméstica. Afastai delas o egoísmo, que fere de morte o amor e o compromisso com a vida. Ó Deus Trindade, por intercessão da Família de Nazaré, abençoai nossos lares e transformai-os em vivos sacrários de amor. Amém”.
Na terceira semana de agosto destaca-se a vocação da vida consagrada. Ela é dom vocacional para seguimento mais radical do evangelho, em que o/a fiel segue um caminho de consagração na forma de vida que Jesus Cristo mesmo escolheu, quando veio ao mundo: vida virginal, pobre e obediente (votos). A partir de seu modo de ser, a vida consagrada é chamada a tornar-se especialista em comunhão, tanto no interior da Igreja quanto da sociedade (cf. DAp 216). Esse modo de seguir Jesus Cristo manifesta-se na vida consagrada das ordens ou congregações tradicionais - que nos são mais conhecidas, como nos institutos seculares e sociedades de vida apostólica, seja na forma contemplativa ou inserida na sociedade.
Na quarta semana lembramos a vocação para os diversos ministérios e serviços prestados nas comunidades cristãs e na sociedade. São exercidos pelos leigos e leigas, como catequistas, ministros extraordinários/as ou outros servidores/as da comunidade. Em todos os estados de vida participamos da comunhão na mesma Igreja e estamos a serviço do bem comum.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul