Estimados diocesanos. No final do
mês vocacional saudamos especialmente as/os catequistas, lembrando seu dia. A
Igreja sempre tentou valorizar muito a catequese como serviço à Iniciação à
Vida Cristã ou à formação cristã permanente, pois sem ela não há como formar os
discípulos missionários para a Igreja e o mundo. Mas a catequese não pode ser
apenas memorização de conteúdos, com metodologia escolar clássica, mas deve
convidar para a experiência de Deus na vida cristã, em comunidade. Esse
processo inicia com o encontro com
Jesus Cristo. A teóloga Maria Solange do Carmo afirma que no processo de des-escolarização da catequese, em andamento, não pode
faltar a recuperação do caráter litúrgico (orante e mistagógico) da catequese:
“A fé cristã é professada (dita em alto e
bom som, dando as razões de se crer), celebrada (marcada por ritos e símbolos
que reafirmam a fé e atualizam os mistérios professados) e vivida (traduzida em
gestos concretos que expressam em quem cremos e como cremos)”. Celebrar
torna-se essencial na fé cristã, como acontecia desde os primórdios do
cristianismo, quando o itinerário do catecumenato era acompanhado pela
comunidade eclesial com orações, ritos e símbolos. Na experiência catecumenal
os catequizandos eram iniciados nos mistérios, não por meio de explicações
complicadas, mas pelo mergulho no mistério pascal. Isso não significa que havia
descuido com o conhecimento intelectual, mas a fé cristã era considerada como adesão
a uma Pessoa e não a uma doutrina. Portanto, a preocupação maior era dar a
conhecer essa Pessoa a quem a vida do catequizando estava sendo ligada. Vemos
que a liturgia e a catequese são como duas irmãs gêmeas; andam juntas, pois são
inseparáveis. A quebra do seu vínculo não favorece nem uma nem outra e até pode
tornar-se mortal.
Bastaria, então, introduzir literalmente os ritos do RICA ou encher a
catequese de diferentes ritos, sinais e símbolos para recuperar esse vínculo? Ou
ainda obrigar a participação nas missas ou celebrações da paróquia para tornar
a catequese mais litúrgica? Nada disso resolveria. A liturgia não é um simples
anexo da catequese, mas ambas devem atrair por si mesmas: porque são plenas de
sentido, porque dão força para viver, porque ressignificam a vida da gente. Afirma
a doutora em catequética, acima citada: “A
liturgia é uma característica do ato catequético. Todo encontro catequético
deveria ser litúrgico, pois a catequese celebra e comunica a presença do Deus
vivo, possibilitando o encontro com o Ressuscitado. Em cada atividade da
catequese, seja na oração ou na música, nas brincadeiras ou na proclamação e
partilha da Palavra de Deus, é Deus mesmo que está se dando, se comunicando,
entrando em comunhão com os catequizandos e o catequista. Assim, cada gesto da
catequese reclama reverência; cada palavra pronunciada exige cuidado por causa
de seu significado; cada rito realizado carrega tom de solenidade”.
Portanto, uma catequese pode
ser dita celebrativa, não tanto pelos rituais que ela
prescreve, mas pelo modo como se desenvolve, pelo seu caráter orante e
mistagógico.
Caros catequistas, eis o desafio que nos aguarda, transformado em momento
de graça, pelo Senhor que nos envia e pelos catequizandos que nos esperam. Parabéns, catequistas diocesanos!
Vocês têm a nobre missão de acompanhar os catequizandos no processo
catequético-litúrgico do encontro com Jesus Cristo e da inserção de novos
discípulos missionários em nossas comunidades. O Senhor da messe vos abençoe e
recompense!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul