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30/08/2018 - Catequese e Liturgia - Irmãs Gêmeas

Estimados diocesanos. No final do mês vocacional saudamos especialmente as/os catequistas, lembrando seu dia. A Igreja sempre tentou valorizar muito a catequese como serviço à Iniciação à Vida Cristã ou à formação cristã permanente, pois sem ela não há como formar os discípulos missionários para a Igreja e o mundo. Mas a catequese não pode ser apenas memorização de conteúdos, com metodologia escolar clássica, mas deve convidar para a experiência de Deus na vida cristã, em comunidade. Esse processo inicia com o encontro com Jesus Cristo. A teóloga Maria Solange do Carmo afirma que no processo de des-escolarização da catequese, em andamento, não pode faltar a recuperação do caráter litúrgico (orante e mistagógico) da catequese: “A fé cristã é professada (dita em alto e bom som, dando as razões de se crer), celebrada (marcada por ritos e símbolos que reafirmam a fé e atualizam os mistérios professados) e vivida (traduzida em gestos concretos que expressam em quem cremos e como cremos)”. Celebrar torna-se essencial na fé cristã, como acontecia desde os primórdios do cristianismo, quando o itinerário do catecumenato era acompanhado pela comunidade eclesial com orações, ritos e símbolos. Na experiência catecumenal os catequizandos eram iniciados nos mistérios, não por meio de explicações complicadas, mas pelo mergulho no mistério pascal. Isso não significa que havia descuido com o conhecimento intelectual, mas a fé cristã era considerada como adesão a uma Pessoa e não a uma doutrina. Portanto, a preocupação maior era dar a conhecer essa Pessoa a quem a vida do catequizando estava sendo ligada. Vemos que a liturgia e a catequese são como duas irmãs gêmeas; andam juntas, pois são inseparáveis. A quebra do seu vínculo não favorece nem uma nem outra e até pode tornar-se mortal.              
Bastaria, então, introduzir literalmente os ritos do RICA ou encher a catequese de diferentes ritos, sinais e símbolos para recuperar esse vínculo? Ou ainda obrigar a participação nas missas ou celebrações da paróquia para tornar a catequese mais litúrgica? Nada disso resolveria. A liturgia não é um simples anexo da catequese, mas ambas devem atrair por si mesmas: porque são plenas de sentido, porque dão força para viver, porque ressignificam a vida da gente. Afirma a doutora em catequética, acima citada: “A liturgia é uma característica do ato catequético. Todo encontro catequético deveria ser litúrgico, pois a catequese celebra e comunica a presença do Deus vivo, possibilitando o encontro com o Ressuscitado. Em cada atividade da catequese, seja na oração ou na música, nas brincadeiras ou na proclamação e partilha da Palavra de Deus, é Deus mesmo que está se dando, se comunicando, entrando em comunhão com os catequizandos e o catequista. Assim, cada gesto da catequese reclama reverência; cada palavra pronunciada exige cuidado por causa de seu significado; cada rito realizado carrega tom de solenidade”.             
Portanto, uma catequese pode ser dita celebrativa, não tanto pelos rituais que ela prescreve, mas pelo modo como se desenvolve, pelo seu caráter orante e mistagógico.             
Caros catequistas, eis o desafio que nos aguarda, transformado em momento de graça, pelo Senhor que nos envia e pelos catequizandos que nos esperam. Parabéns, catequistas diocesanos! Vocês têm a nobre missão de acompanhar os catequizandos no processo catequético-litúrgico do encontro com Jesus Cristo e da inserção de novos discípulos missionários em nossas comunidades. O Senhor da messe vos abençoe e recompense!

Dom Aloísio A. Dilli

Bispo de Santa Cruz do Sul

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