Caros diocesanos. No oitavo capítulo da Fratelli Tutti o Papa Francisco lembra que as religiões oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e para a defesa da justiça na sociedade. A razão é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade. O não reconhecimento da verdade transcendente faz triunfar a força do poder, e cada um tende a aproveitar-se ao máximo dos meios à sua disposição para impor o próprio interesse ou opinião, sem atender aos direitos do outro. Por isso a Igreja recomenda aos ministros da religião não fazer política partidária, mas eles não podem renunciar à dimensão política da existência: “Queremos ser uma Igreja que serve, que sai de casa, que sai dos seus templos, que sai das suas sacristias, para acompanhar a vida, sustentar a esperança, ser sinal de unidade (…) para lançar pontes, abater muros, semear reconciliação” (FT 276). As culturas e religiões são diferentes, mas as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças e na alegria de sermos irmãos, porque filhos de um único Deus. Segundo o Papa, o mandamento da paz está inscrito nas profundezas das tradições religiosas que nós representamos. Cada um de nós é chamado a ser um artífice da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de o conservar, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros. Queremos retomar sempre o apelo à paz, à justiça e à fraternidade, pois é preciso ver todo ser humano como um irmão, uma irmã.
O Papa conclui a Encíclica Fratelli Tutti, com duas orações:
1. Oração ao Criador:
Senhor e Pai da humanidade,
que criastes todos os seres humanos com a mesma dignidade, infundi em nossos corações um espírito fraterno.
Inspirai-nos o sonho de um novo encontro, de diálogo, de justiça e de paz.
Estimulai-nos a criar sociedades mais sadias e um mundo mais digno,
sem fome, sem pobreza, sem violência, sem guerras.
Que o nosso coração se abra a todos os povos e nações da terra,
para reconhecer o bem e a beleza que semeastes em cada um deles,
para estabelecer laços de unidade, de projetos comuns, de esperanças compartilhadas. Amém.
2. Oração Cristã Ecumênica:
Deus nosso, Trindade de amor, a partir da poderosa comunhão da vossa intimidade divina infundi no meio de nós o rio do amor fraterno.
Dai-nos o amor que transparecia nos gestos de Jesus, na sua família de Nazaré e na primeira comunidade cristã.Concedei-nos, a nós cristãos, que vivamos o Evangelho e reconheçamos Cristo em cada ser humano, para O vermos crucificado nas angústias dos abandonados e dos esquecidos deste mundo e ressuscitado em cada irmão que se levanta.
Vinde, Espírito Santo! Mostrai-nos a vossa beleza refletida em todos os povos da terra, para descobrirmos que todos são importantes, que todos são necessários, que são rostos diferentes da mesma humanidade amada por Deus. Amém.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul.