Estimados diocesanos. Aproxima-se a data das eleições em nosso país. É hora de decidirmos, como eleitores e cidadãos, quem vai cuidar do Bem comum, em nosso país, como presidente, como governadores dos Estados, como senadores e deputados. É preciso estar atento a tudo o que envolve as eleições para não nos deixarmos levar pelas Fake News – as falsas notícias, que não param de circular, e votarmos o mais possível com esclarecida consciência. Para nos ajudar nesta reflexão, foi emitida uma mensagem na 56ª Assembleia dos Bispos, da qual publicamos o conteúdo principal. nesta e na próxima mensagem semanal. Inicialmente, apresentamos a parte que fala do delicado contexto das eleições, sem omitir o valor do compromisso e a necessária esperança:“Nós, bispos católicos do Brasil, conscientes de que a Igreja ‘não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça’ (Bento XVI – DCE 28), olhamos para a realidade brasileira com o coração de pastores, preocupados com a defesa integral da vida e da dignidade da pessoa humana, especialmente dos pobres e excluídos. Do Evangelho nos vem a consciência de que ‘todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção de um mundo melhor’ (Papa Francisco – EG 183), sinal do Reino de Deus.
Neste ano eleitoral, o Brasil vive um momento complexo, alimentado por uma aguda crise que abala fortemente suas estruturas democráticas e compromete a construção do bem comum, razão da verdadeira política. A atual situação do País exige discernimento e compromisso de todos os cidadãos e das instituições e organizações responsáveis pela justiça e pela construção do bem comum.
Ao abdicarem da ética e da busca do bem comum, muitos agentes públicos e privados tornaram-se protagonistas de um cenário desolador, no qual a corrupção ganha destaque, ao revelar raízes cada vez mais alastradas e profundas. Nem mesmo os avanços em seu combate conseguem convencer a todos de que a corrupção será definitivamente erradicada. Cresce, por isso, na população, um perigoso descrédito com a política. A esse respeito, adverte-nos o Papa Francisco que, ‘muitas vezes, a própria política é responsável pelo seu descrédito, devido à corrupção e à falta de boas políticas públicas’ (LS 197). De fato, a carência de políticas públicas consistentes, no país, está na raiz de graves questões sociais, como o aumento do desemprego e da violência que, no campo e na cidade, vitima milhares de pessoas, sobretudo, mulheres, pobres, jovens, negros e indígenas.
Além disso, a perda de direitos e de conquistas sociais, resultado de uma economia que submete a política aos interesses do mercado, tem aumentado o número dos pobres e dos que vivem em situação de vulnerabilidade. Inúmeras situações exigem soluções urgentes, como a dos presidiários, que clama aos céus e é causa, em grande parte, das rebeliões que ceifam muitas vidas. Os discursos e atos de intolerância, de ódio e de violência, tanto nas redes sociais como em manifestações públicas, revelam uma polarização e uma radicalização que produzem posturas antidemocráticas, fechadas a toda possibilidade de diálogo e conciliação...”. Esta mensagem continua a ser comunicada na próxima semana, abordando a importância das eleições de 2018, em nosso país.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul