Caros diocesanos. Ao olharmos para o elenco dos nossos presbíteros, certamente nos vem à memória a vida e missão de muitos deles que já atuaram ou ainda exercem seu ministério em nossas comunidades. Deles recordamos como profetas que nos anunciam a Palavra de Deus; como sacerdotes que celebram os diversos sacramentos; e como pastores que nos unem e nos guiam na vida cristã. Certamente, também os vemos como pessoas humanas, com seus limites, mas esforçados em realizar o bem onde vivem.
Ao contemplarmos o mesmo elenco, igualmente nos damos conta que grande parte deles já têm idade bastante avançada e os jovens são relativamente poucos. Com frequência, solicita-se ao bispo ou diocese mais padres ou padres jovens para as Paróquias ou para outras realidades pastorais. Nós tentamos compreender o desejo das pessoas e das comunidades. Contudo, temos que olhar com realismo para nosso quadro de presbíteros e, por mais que sejam esforçados e se dediquem às pessoas nas diversas pastorais, teremos dificuldades de atender a todos. Em 2017, temos 77 presbíteros diocesanos e 10 religiosos. A média de idade dos padres diocesanos ultrapassa os 62 anos, sendo que a metade deles têm 65 ou mais anos de idade. Isso nos diz que precisamos dedicar atenção muito especial ao cultivo das vocações sacerdotais e religiosas. Os padres ou religiosos não caem prontos do céu. Eles nascem de nossas famílias; ali são chamados por Deus e desenvolvem sua vocação em nossas comunidades e casas de formação. Somos todos responsáveis pelas vocações, seja pela oração, pela formação, pelo seu sustento e apoio.
Por ocasião do 53º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco afirmou: “Desejo exortar todos os fiéis a assumirem as suas responsabilidades no cuidado e discernimento vocacionais... A comunidade cristã não cessa de estar presente na germinação das vocações, na sua formação e na sua perseverança”. O Santo Padre relaciona a vocação profundamente à Igreja, com três afirmações básicas:
1. A vocação nasce na Igreja. Ninguém é chamado exclusivamente para uma determinada região, nem para um grupo ou movimento, mas para a Igreja e para o mundo. Sinal claro da autenticidade dum carisma é a sua eclesialidade. Deste modo, a comunidade torna-se a casa e a família onde nasce a vocação.
2. A vocação cresce na Igreja. Durante o processo de formação, os candidatos às diversas vocações precisam conhecer cada vez melhor a comunidade eclesial, superando sua visão inicial e limitada. Para tal é oportuno fazer alguma experiência apostólica juntamente com outros membros da comunidade.
3. A vocação é sustentada pela Igreja. Depois do compromisso definitivo, o caminho vocacional não termina, mas continua na disponibilidade para o serviço, na perseverança e na formação permanente. Quem consagrou sua vida ao Senhor, está pronto a servir a Igreja onde ela tiver necessidade.
O Papa termina, dizendo: “Peçamos ao Senhor que conceda, a todas as pessoas que estão a realizar um caminho vocacional, uma profunda adesão à Igreja; e que o Espírito Santo reforce, nos Pastores e em todos os fiéis, a comunhão, o discernimento e a paternidade ou maternidade espiritual”.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul