Caros diocesanos. O mês de agosto sempre recebe um caráter vocacional, e por isso queremos destacar hoje a vocação dos pais e da família. Olhando para a família de Nazaré, damo-nos conta que o próprio Jesus quis nascer e crescer no ambiente familiar e valorizou a instituição em seu anúncio do Reino de Deus. Sabemos o quanto é delicado o momento histórico atual para manter os valores inegociáveis da família. O Papa Francisco já se expressou várias vezes sobre essa instituição de inestimável valor na Igreja e na sociedade. Na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho ele afirma que a família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades e vínculos sociais. Na família a fragilidade dos vínculos reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade, o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros e onde os pais transmitem a fé aos seus filhos. O matrimônio tende a ser visto hoje como mera forma de gratificação afetiva, que se pode constituir de qualquer maneira e modificar-se de acordo com a sensibilidade de cada um e não sobre uma verdade objetiva ou compromisso de entrar numa união de vida total (EG 66). Na Carta Encíclica Luz da Fé, o Pontífice afirma: “O amor tem necessidade da verdade: apenas na medida em que o amor estiver fundado na verdade é que pode perdurar no tempo, superar o instante efêmero e permanecer firme para sustentar um caminho comum. Se o amor não tivesse relação com a verdade, estaria sujeito à alteração dos sentimentos e não suportaria a prova do tempo” (LF 27). O Santo Padre adverte também para a desagregação dos vínculos entre as pessoas, em sentido mais amplo, diante do crescente acento ao individualismo hodierno: “O individualismo pós-moderno e globalizado favorece um estilo de vida que debilita o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e distorce os vínculos familiares. Nós cristãos insistimos na proposta de reconhecer o outro, de curar as feridas, de construir pontes, de estreitar laços e de nos ajudarmos ‘a carregar as cargas uns dos outros’ (Gl 6, 2)” (EG 67).
No Domingo da Sagrada Família de 2013, em sua mensagem na Hora do Ângelus, o Papa Francisco se dirigiu à multidão da Praça São Pedro, com palavras inspiradas na Família de Nazaré: “É um exemplo que faz tanto bem às nossas famílias, ajuda-as a se tornarem sempre mais comunidades de amor e de reconciliação, na qual se experimenta a ternura, a ajuda mútua, o perdão recíproco”. E, em seguida, revelou que há três palavras-chave para uma vida de paz e alegria na família: “Com licença, obrigado, desculpa”. Lembrou-nos que, em nossas famílias, não somos invasores, mas sabemos pedir licença; não somos egoístas, pois sabemos agradecer; e finalmente, se sabemos pedir perdão, ao fazer algo errado, então reinará paz e alegria nessa família. O Papa terminou dizendo: “O anúncio do Evangelho, de fato, passa antes de tudo pelas famílias, para depois alcançar os diversos âmbitos da vida cotidiana”.
No segundo domingo de agosto celebramos o dia dos pais; parabenizamos todos aqueles que exercem, em nome de Deus, a graça da paternidade, junto com suas esposas e em família. Invocando as bênçãos do Alto, com o Papa, suplicamos: “Sagrada Família de Nazaré, nunca mais se faça, nas famílias, experiência de violência, egoísmo e divisão: quem ficou ferido ou escandalizado logo conheça consolação e cura. Que em todos se possa despertar a consciência do caráter sagrado e inviolável da família, sua beleza no projeto de Deus”.
Parabéns pelo Dia dos Pais e viva a família!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul