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17/03/2021 - Quaresma e Campanha da Fraternidade 2021 - 3

Caros diocesanos. Continuamos na quaresma, tempo litúrgico introduzido, já no IV século da era cristã, para preparar bem a celebração da Páscoa. Nos primórdios do cristianismo, o batismo era celebrado, na maioria das Igrejas, somente na noite de Páscoa, para mostrar como este sacramento está ligado à morte e ressurreição de Jesus Cristo (Rm 6, 3-4). Aos poucos, a quaresma tornou-se ocasião para todos os cristãos retomarem as promessas deste sacramento, atribuindo a este tempo uma conotação penitencial, através da prática do jejum, da esmola e da oração, como ainda fazemos hoje, inspirados no Evangelho de Mateus (Mt 6, 1-18).
Portanto, a quaresma é tempo de penitência, de conversão de vida, de voltarmos para o estado original, como Deus nos quer, a partir do batismo. A conversão consiste em mudar o modo de ser, de viver, de agir, de relacionar-se. Uma vida segundo o Evangelho. Por isso, no rito da Quarta-feira de Cinzas, no momento da imposição, o Ministro diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. O centro do Evangelho é o mandamento do amor, ensinado por Jesus Cristo, em palavra e testemunho vivo, ao dar sua vida por nós.
Como brasileiros, desde 1964, estamos acostumados a viver a Campanha da Fraternidade, neste tempo da quaresma. É a forma de viver o mandamento da caridade, do amor ao próximo, concretamente. Em 2021, queremos fazer essa campanha de sermos mais irmãos, de forma ecumênica. Já vimos anteriormente que o tema fala de fraternidade e de diálogo, como compromisso de amor, inspirando-nos na Carta de São Paulo aos Efésios (Ef 2, 14): “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (cf. Texto-Base = TB 1). O texto-base da Campanha da Fraternidade Ecumênica não se cansa de apresentar que Cristo é nossa referência, nossa paz e, por isso, devemos derrubar muros e construir pontes, vivendo a comunhão na diversidade: “O Batismo exige que nos esforcemos em favor de comunidades que expressem a unidade na diversidade” (TB 144). Construir muros significa dar força para expressões que criam separação, indiferença, violência e ódio; construir pontes possibilita a fraternidade e a cultura do encontro e da paz (TB 7). Cristo será sempre nossa referência: “A paz que brota da fé em Cristo é a superação da inimizade e do ódio. Ela promete a unidade (Ef 4,1-6), enquanto o ódio provoca inimizades e agressões e a guerra mata e destrói. A paz permite cuidar e reconstruir a convivência social – ‘sois da família de Deus’ – irmãos e irmãs (Ef 2,19)” (TB 129).
Concluímos nossa mensagem, rezando novamente a Oração da Campanha da Fraternidade Ecumênica, que coloca diante de Deus este tema do diálogo, da paz, dos muros, das pontes e outros: Oremos, irmãos e irmãs!
“Deus da vida, da justiça e do amor, Nós Te bendizemos pelo dom da fraternidade e por concederes a graça de vivermos a comunhão na diversidade.
Através desta Campanha da Fraternidade Ecumênica, ajuda-nos a testemunhar a beleza do diálogo como compromisso de amor, criando pontes que unem em vez de muros que separam e geram indiferença e ódio.
Torna-nos pessoas sensíveis e disponíveis para servir a toda a humanidade, em especial, aos mais pobres e fragilizados, a fim de que possamos testemunhar o Teu amor redentor e partilhar suas dores e angústias, suas alegrias e esperanças, caminhando pelas veredas da amorosidade.
Por Jesus Cristo, nossa paz, no Espírito Santo, sopro restaurador da vida. Amém”
(TB, p. 82).
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul.

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