Caros diocesanos. Em reflexão anterior, no mês de setembro, nós abordamos o sentido e a importância da Palavra de Deus em nossas celebrações litúrgicas, sobretudo sua sacramentalidade (VD 56), por ela ser viva e eficaz, por ter valor permanente (Hb 4, 12; 1Pedr 1, 23), tornando-se meio privilegiado de encontro com o Senhor (VD 65).
Se a Palavra de Deus celebrada é reconhecida como forma privilegiada de encontro com Deus, ela merece nosso respeito e veneração, seja na apresentação, na proclamação e, sobretudo, na amorosa acolhida. A Igreja fala de duas mesas: mesa da Palavra e mesa da Eucaristia. O Vaticano II atribui à Palavra de Deus um valor litúrgico extraordinário, quando afirma que a tradição da Igreja “sempre venerou as Sagradas Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor...” (DV 21), ainda que não lhe tenha dado o mesmo valor de culto. O Missal Romano diz: “A dignidade da palavra de Deus requer que haja na igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante a liturgia da palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis... O ambão dispõe-se de modo que os ministros ordenados e os leitores possam facilmente ser vistos e ouvidos pelos fiéis...” (IGMR 309).
Junto com a importância da Palavra e do Ambão (Mesa da Palavra), que merece ser lugar digno e ornado, precisamos destacar a dignidade da proclamação da Palavra. Orienta a Igreja: “Segundo a tradição, a função de proferir as leituras não é presidencial, mas ministerial. Por isso as leituras são proclamadas por um leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou, na ausência deste, por outro sacerdote... se também faltar outro leitor idôneo, o sacerdote celebrante proclame igualmente as outras leituras” (IGMR 59). As leituras, portanto, deverão ser feitas por alguém que vai prestar um serviço (ministério) para a comunidade em celebração. É o momento em que a Palavra de Deus se torna viva, eficaz, presente. Portanto, o Leitor deve estar preparado para emprestar sua voz para Deus, ou seja, fazer chegar a Palavra de Deus ao seu povo ouvinte. Assim sendo, estas pessoas precisam de formação bíblico-litúrgica, espiritual e adequada preparação técnica. A Igreja orienta: “Na falta de leitor instituído, podem ser designados outros leigos para proclamar as leituras da Sagrada Escritura, desde que sejam realmente aptos para o desempenho desta função e se tenham cuidadosamente preparado, de tal modo que, pela escuta das leituras divinas, os fiéis desenvolvam no seu coração um afeto vivo e suave pela sagrada Escritura” (IGMR 101)
Concluímos nossa reflexão sobre o serviço (ministério) da proclamação da Palavra com o próprio texto da Igreja no Missal Romano: “Nos textos que devem ser proferidos claramente e em voz alta... pelo leitor..., a voz deve corresponder ao gênero do próprio texto..., à forma de celebração e à solenidade da assembleia” (IGMR 38).
Caros leitores e ouvintes da Palavra de Deus, proclamar ou escutar um texto da Sagrada Escritura é anunciar e acolher o próprio Senhor e ser seu testemunha! Que maravilha e que responsabilidade!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul