Caros diocesanos. Continuamos a celebrar a Páscoa e seus efeitos. Pelo Batismo, nós cristãos estamos inseridos no mistério pascal, que tivemos oportunidade de reviver especialmente durante o Tríduo pascal, ponto alto e núcleo central de todo Ano litúrgico. Estamos agora no Tempo pascal, período em que desejamos aprofundar os mistérios celebrados. Nos primeiros séculos do cristianismo, havia uma catequese especial para os que haviam recebido o Batismo, a Crisma e a Eucaristia na noite de Páscoa; como já vimos anteriormente, esta era chamada catequese mistagógica, pois introduzia para dentro dos mistérios celebrados. Hoje, é a liturgia que, com sua rica distribuição da Palavra de Deus, nos ajuda a entrar nos mistérios, mais uma vez celebrados, na vida de nossas comunidades cristãs.
O Tempo Pascal (50 dias de Páscoa) é privilegiado para nosso encontro com Jesus Ressuscitado, fonte da nova vida, pois ele vem ao nosso encontro de diversos modos. Ele revela-se na Liturgia da Palavra, sobretudo pelo Evangelho, nas narrativas do fato da Ressurreição e das Aparições (durante a primeira semana de Páscoa); o Ressuscitado se apresenta ainda como Aquele que faz nascer de novo pelo Batismo (durante a segunda semana de Páscoa); manifesta-se como Aquele que é o Pão vivo, descido do céu, pela Eucaristia (durante a terceira semana de Páscoa); e depois é apresentado, nas semanas seguintes, as quais antecedem a solenidade de Pentecostes, como Aquele que é o Bom Pastor, a Porta, a Luz, o Caminho, a Verdade, a Vida, a Videira, o Amor... No Evangelho dos Discípulos de Emaús (Lc 24, 13-36) ele se manifesta no caminhar ao lado dos desiludidos do messianismo triunfalista, que retornam desanimados de Jerusalém; faz arder o coração na explicação das Sagradas Escrituras que fazem o prenúncio dos fatos vividos; revela-se no partir do Pão; se faz boa notícia na boca dos que anunciam aos demais que ele está ressuscitado...
Em nossa celebração da Páscoa também encontramos o Senhor de diversas formas na comunidade: ouvimos sua Palavra viva, transformadora e eterna; renovamos nosso Batismo, renunciando ao mal e reafirmando nossa fé; partilhamos o Pão da Eucaristia e da caridade fraterna; e agora queremos anunciar a boa notícia da sua presença viva para todos os que encontrarmos nos caminhos de nossa vida, como nos sugere o Documento de Aparecida: “Não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história...” (DAp 548).
E para este desafio missionário, de espírito pascal, somos todos convocados, em nível de comunhão continental, nacional e regional, sobretudo, diocesano e local, pois não há verdadeiro discípulo sem que este seja missionário no ambiente onde vive. A diocese optou por ser uma Igreja missionária, misericordiosa, servidora e samaritana. Unamo-nos à decisão da Assembleia diocesana, abraçando as vertentes da “Iniciação à Vida Cristã na perspectiva de uma Igreja samaritana”.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul