Caros diocesanos. Estamos na semana da celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo), que
sempre acontece na 2ª quinta-feira depois de Pentecostes. Este acontecimento do
Ano Litúrgico tem um caráter de manifestação pública da fé católica na presença
real e permanente de Jesus Cristo na Eucaristia. Por isso são feitas procissões
por ruas ou estradas, com ornamentos e outras manifestações de louvor e de
gratidão, especialmente através de Bênçãos do Santíssimo Sacramento. Este ato
público tem origem no séc. XIII, época em que se acentuou muito a presença real na Eucaristia. De lá foi
se desenvolvendo e chegou ao auge no tempo do barroco (séc. XVII), em que os
altares se tornaram verdadeiros tronos sagrados, de material o mais nobre
possível, para a presença do Senhor na Eucaristia (sacrários dourados de nossos
templos de estilo barroco demonstram essa realidade). Nesta época a procissão
de Corpus Christi até chegou a ser considerada a maior festa do Ano Litúrgico. Mesmo
que Corpus Christi destaque mais o aspecto do louvor e da adoração na presença
real e permanente de Jesus Cristo na eucaristia, nós não podemos perder a
unidade das diversas dimensões que devemos dar ao Pão da Vida: a celebração
eucarística deve ser vista como Ceia de comunhão fraterna (dimensão de ceia), em que
tornamos presente o Sacrifício pascal de Jesus Cristo (dimensão do sacrifício) que se torna
a maior Ação de graças ao Pai (dimensão
de ação de graças e louvor) e que nos compromete e nos envia em Missão
evangelizadora (dimensão da
missão).
Entre estas várias dimensões, presentes em cada ato eucarístico, a
solenidade de Corpus Christi destaca
especialmente o aspecto do louvor, da ação de graças, da adoração, do respeito para
com a Eucaristia. A Igreja, pela
Eucaristia (Oração eucarística), celebra esta ação de graças, do “nascer ao pôr do sol”, pelos séculos
afora, tornando presente o ato redentor de Jesus Cristo para toda humanidade.
Assim atua-se a grande e maior ação de graças ao Pai pela doação da vida de seu
Filho (sacrifício pascal), na unidade do Espírito Santo (Ação trinitária): Por
isso rezamos em cada missa: “Por Cristo,
com Cristo e em Cristo a Vós, Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo,
toda a honra, toda a glória, agora e para sempre”.
Esta dimensão da
espiritualidade eucarística, mesmo não sendo a única, resultará em gestos
concretos de adoração (presença real), de respeito e decoro do ambiente e de
tudo o que se relaciona com a Eucaristia. Nesta dimensão do respeito e da dignidade
de tudo que tem relação com a Eucaristia, deve estar principalmente a própria pessoa
humana que a recebe, qual sacrário do Senhor. Torna-se contradição respeitar um
sacrário de nobre material e beleza e ofender o sacrário humano do Senhor, que
são nossos irmãos e nossas irmãs, que também comungam o Senhor ou por quem o
Senhor deu sua vida. Neste contexto lembramos que a palavra comunhão tem necessária relação com o
Senhor e com os outros, com quem formamos comum-unidade (comunidade).
Boas festas de Corpus
Christi! Vamos participar e manifestemos nossa fé e nosso louvor ao Senhor, realmente
presente na Eucaristia, qual Pão Vivo descido do céu para nossa salvação!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul