Caros diocesanos. No tempo da pandemia estamos descobrindo como nossa vida é precioso dom e compromisso, mas igualmente percebemos o quanto ela é frágil, a ponto de exigir permanentes cuidados, ainda mais diante do Coronavírus Covid-19. Já percebemos como este vírus afetou nossas celebrações litúrgicas costumeiras e tivemos que descobrir outras formas para expressar a nossa filiação divina, tão necessária neste tempo, e rezar com espírito comunitário de irmãos, mesmo distantes uns dos outros. Percebemos o quanto fomos atingidos em nossos relacionamentos diários e como precisamos dos outros em nossa vida, ainda mais ao estarmos doentes ou vivermos em quarentena para não sermos atingidos pela doença. Sem os outros, quem cuidaria de nossas necessidades, como saúde, transporte, alimentação, higiene, segurança, etc. Está ficando sempre mais claro o que realmente é importante na vida: sua origem, sua dignidade, os seus verdadeiros valores, seu destino. Igualmente nos damos conta o quanto somos enganados com as efêmeras promessas de felicidade através da visão egoísta da vida que endeusa o poder de mercado, o consumismo insaciável e o bem-estar como objetivo último da vida. Pedimos ao Espírito Santo o dom da ciência para que se vislumbrem medicações eficientes e vacinas de prevenção; também rezamos para não faltarem os dons do temor de Deus e do conselho para recriar a nossa existência e possam surgir sábias lideranças mundiais, nacionais, assim como entre nossas famílias e comunidades a fim de que sejam despertados e assumidos, de forma mais solidária, novos valores na vida do planeta, nossa casa comum, começando por nós mesmos.
A pandemia nos faz dizer que nosso planeta está doente. O Coronavírus não atingiu somente a saúde, mas também a economia e outros setores essenciais da vida de nossos países, estados, municípios, instituições e famílias. É uma conta que está ficando para ser paga por todos, com efeito cascata, afetando sobretudo os que são mais carentes. Já percebemos as consequências no setor da economia, da saúde, do trabalho, da educação e de tantos outros campos da vida humana. Não é diferente com as instituições como a Igreja e sua organização administrativa e econômico-financeira que tenta colocar-se a serviço da evangelização em seus diversos setores e projetos. Nossas dioceses, paróquias e comunidades estão sendo afetadas consideravelmente nas suas receitas normais. Isso exige de todos nós doação e sacrifícios maiores, tanto no nível pessoal, quanto comunitário, surgindo necessariamente algumas perguntas bem práticas, em todos os setores, sobretudo para os Conselhos Paroquiais de Administração: Onde devemos ser criativos para recuperar-nos? Em que podemos economizar mais? Como podemos ser fraternos na ajuda a outros que mais sofrem? E a pergunta que não pode ficar sem resposta: - Que planejamento vamos adotar para o processo de recuperação a fim de salvar o essencial que é o processo de evangelização em nossas comunidades?
Ninguém de nós poderá ficar sentado de forma passiva, esperando que tudo caia do céu ou venha dos outros, que também sofrem a cascata das consequências da pandemia. Mas, de qualquer forma, deve ser tempo de intensa caridade, sobretudo através de gestos solidários, como serviços gratuitos a necessitados e dependentes, como coletas de roupas e calçados, de gêneros alimentícios e de higiene, disponibilizados para os mais pobres. É um tempo de dar de nossa pobreza para quem precisa da ajuda samaritana.
Invocamos os dons do Espírito Santo para tomarmos decisões com sabedoria e inteligência e sejamos sustentados pela fortaleza e piedade, nesta época de exceção.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul