Caros diocesanos. A Igreja do
Brasil celebra, em 2018, o Ano do Laicato.
Por isso dedicaremos a seguir algumas mensagens ao estado de vida dos
leigos, segundo orientação de documentos da Igreja. Leigos, segundo o Concílio
Vaticano II, são todos os cristãos,
exceto os membros de ordem sacra e do estado religioso (cf. LG 31). A missão dos
leigos nasce com o sacramento do batismo e é alimentada pelos demais sacramentos,
especialmente pela Eucaristia. A Sagrada Escritura demonstra a atuação dos
leigos, desde os primórdios da Igreja (At 11, 19-21 e 18, 26; Rm 16, 1-16; Fil
4, 3).
Segundo o Documento de Aparecida, retomando
reflexões anteriores (cf. DP 786), os cristãos leigos devem, por missão, atuar
no mundo: “Homens da Igreja no coração do
mundo, e homens do mundo no coração da Igreja” (DAp 209). Diante do seu caráter
principalmente secular na evangelização, as atuais Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019 insistem para que, nos diversos níveis
e instituições da Igreja, se incentivem pastorais que se colocam a serviço da vida em todas as suas expressões (DGAE
109). Cabe aos cristãos leigos e leigas empenhar-se na busca de políticas públicas que ofereçam
condições necessárias ao bem-estar das pessoas, famílias e povos. Tarefa de
grande importância é a formação de
pensadores e pessoas que estejam em níveis de decisão, evangelizando os novos
areópagos: mundo universitário, da comunicação, dos empresários, dos
políticos, dos formadores de opinião, do trabalho, dos dirigentes sindicais e
comunitários, nos ambientes de cultura e no cuidado da vida no planeta (DAp 491 e DGAE 118-127).
No mundo leigo merece destaque
especial a vocação matrimonial e familiar. Na visão da
Igreja “o amor conjugal consiste na
doação recíproca entre um homem e uma mulher, os esposos: é fiel e exclusivo
até a morte e fecundo, aberto à vida e à educação dos filhos, assemelhando-se
ao amor fecundo da Santíssima Trindade” (DAp 117). A Igreja sempre deu
grande valor à família, considerando-a “patrimônio
da humanidade”, “Um dos tesouros mais
preciosos dos nossos povos”. O Documento de Aparecida a descreve como: “Lugar e escola de comunhão, fonte de valores
humanos e cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosa e
responsavelmente”. Ela também se torna escola de fé, fazendo dos pais os
primeiros catequistas de seus filhos. É com eles que começa o verdadeiro
caminho da iniciação cristã. Assim ela é considerada santuário da vida e
pequena Igreja, i. é, Igreja doméstica.
Neste ambiente, os filhos têm o direito de poder contar com o pai e a mãe para
que os cuidem e acompanhem até a plenitude da vida (cf. DAp 118 e 302-303).
Infelizmente, hoje estão em evidência
outras formas de união, novas concepções de família que não respeitam o projeto
originário de Deus. São estranhas à cultura cristã e alteram a natureza
específica dessa instituição. Homem e mulher foram criados para que um complete
o outro e os dois, unidos, sejam geradores da vida. O Documento de Aparecida
afirma: “pertence à natureza humana que o
homem e a mulher busquem um no outro a sua reciprocidade e complementaridade”
(DAp 116).
Deus, por intercessão da Sagrada
Família, abençoe os leigos e as famílias cristãs!
Dom Aloísio Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul