Caros diocesanos. Já afirmamos anteriormente que, em 2018, dedicaremos em nossa diocese de Santa Cruz do Sul especial atenção ao sacramento do Batismo, dentro do processo de Iniciação à Vida Cristã. Iniciar alguém na fé cristã não significa apenas batizar, recebendo um sacramento. O Batismo, no caso dos adultos, pressupõe que a pessoa que vai ser batizada já tenha se encontrado com Jesus Cristo e queira participar da vida da comunidade como discípulo missionário. No caso em que crianças recebem o Batismo, são os pais e padrinhos, junto com a comunidade, que assumem a responsabilidade da fé cristã, em nome de quem é batizado. São os pais e padrinhos, portanto, já discípulos missionários convictos de Jesus Cristo, que desejam o mesmo para o seu filho ou afilhado, por convicção de fé. No Batismo, mais do que honra, ser pai/mãe ou padrinho/madrinha torna-se sério compromisso de zelo e testemunho cristão.
O que mesmo torna o sacramento do Batismo tão importante e causa tamanha responsabilidade para os envolvidos no mesmo? A Bíblia nos ajuda a responder esta questão. Em Atos dos Apóstolos, aos que perguntam a Pedro sobre o que deviam fazer para a conversão, ele responde: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão dos vossos pecados. Então recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2, 38). Já Paulo relaciona o Batismo diretamente com a morte e a ressurreição de Jesus: “Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como o Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos vida nova” (Rm 6, 4; cf. Cl 2, 12). Somos, portanto, libertos do pecado pela morte de Cristo e pela sua ressurreição podemos adquirir vida nova. Dessa forma, pelo Batismo, participamos do mistério pascal de Cristo e nos tornamos novas criaturas, regeneradas pelo Espírito. É por isso que Paulo escreve aos Coríntios: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova. Tudo isto vem de Deus” (2Cor 5, 17-18a). Assim percebemos que o batismo é um grande dom de Deus, pois nos incorpora a Cristo crucificado e glorificado e nos regenera para participar de sua vida divina na Igreja (cf. UR 22): o batizado é conduzido à união com Cristo, com cada um dos outros cristãos e com a Igreja de todos os tempos e lugares.
Esta graça de tornar-se nova criatura pelo Batismo, evidentemente, exige uma resposta de fé de quem é batizado e dos que o representam. O Batismo, assim, torna-se o sacramento da fé. Por isso, antes da ação ritual, existe o rito da renúncia ao mal e a profissão de fé no Deus Trindade, em nome do qual alguém é batizado, o que significa que se assume o compromisso de progressiva mudança da mentalidade, dos costumes, com suas consequências.
O Batismo “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” significa a consagração à Trindade e a entrada de comunhão com Ela. O batizado, assim, torna-se filho/filha de Deus - o Pai; irmão/irmã de Jesus Cristo - o Filho; e regenerado e habitado pelo Espírito Santo. Esta consagração e comunhão acontece dentro da Igreja, a grande família dos filhos e filhas de Deus, dos irmãos e irmãs em Jesus Cristo, unidos pelo mesmo Espírito Santo. Portanto, o Batismo é muito mais que receber um simples sacramento e fazer uma festinha, com belas fotografias.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul