Caros diocesanos. A cruz é o sinal que nos identifica como cristãos, desde o nosso Batismo. É como uma marca indelével em nossa vida. Ela nos recorda sempre o maior gesto de amor que a humanidade já viu, pois nela o Filho de Deus entregou sua vida por amor à humanidade: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Com a ressurreição de Jesus Cristo, a cruz que era sinal de condenação e morte tornou-se sinal de vida e de amor.
Em nossa viver diário, seguidamente somos confrontados com a presença da cruz, a começar pelo nome de nossa diocese e da cidade onde está a sua sede: Santa Cruz do Sul. Em nossos templos e moradias, assim como em muitos lugares públicos, nos defrontamos com esse sinal da nossa identidade cristã. Como faz bem chegar ao alto do Morro da Cruz e encontrar este sinal-monumento, ao lado do qual contemplamos nossa bela cidade. Da mesma forma, ao chegar no trevo de entrada de Santa Cruz do Sul, somos acolhidos e abençoados pela cruz que vemos nas imediações do Seminário São João Batista, local de chegada e da celebração eucarística de nossas romarias. Como é significativo observar as pessoas que traçam o sinal da cruz, ao passarem em frente à catedral ou de outros templos de nossas cidades ou das vilas e comunidades do interior. Tantos outros usam a cruz em seu peito, em objetos preciosos e até em tatuagens pelo corpo. Quantos traçam o sinal da cruz, qual invocação de bênção, ao iniciarem o dia e como ação de graças, ao deitarem à noite?! Outros o repetem nos momentos significativos do dia; até os atletas sabem fazê-lo ao se aproximarem do objetivo maior de seu esporte. Como diz o Documento de Aparecida: é uma espiritualidade encarnada na cultura dos simples, mas nem por isso menos espiritual e que não pode ser desprezada (cf. DAp 263). Uma das cenas mais comoventes da vida cristã podemos presenciar quando uma mãe ou um pai de família toma a mãozinha de seu filho ou filha para ensinar o sinal da cruz, transmitindo dessa forma a mesma fé que alimenta seu coração de cristão ou cristã. Em tempos de secularismo, muitos pais esquecem que o maior tesouro ou a mais valiosa herança que podem transmitir aos filhos é a fé cristã. As crianças precisam vivenciar que é possível conversar com Deus pela oração e que nossa vida está ligada a Ele, como luz que nos guia e ilumina no caminho da vida. Como é significativo quando as crianças acompanham os pais nas celebrações da comunidade, fazendo de seu jeito a experiência de estar junto com os outros, pois assim começa a experiência da vida em comunidade.
Que o sinal da cruz fundamente e ilumine constantemente nossa vida e seja o sinal primeiro de nosso caminhar no seguimento de Jesus Cristo, para aprendermos a lição mais profunda da vida e que lhe dá o verdadeiro sentido: amar é doar, gastar a vida pelos outros (cf. Jo 15, 13). No tempo da pandemia, em que a cruz se fez presente de tantas formas e durante tanto tempo, foi preciso colocar o fermento do amor, ensinado na cruz, mesmo que fosse em pequenos gestos de cuidar de si e dos outros, como usar máscara, evitar aglomerações, deixar-se vacinar, ter paciência consigo e com os outros, procurar novas respostas de convivência, viver a caridade com quem mais sofre e, inclusive, descobrir novas formas de expressar a fé cristã. Falar sobre a cruz não pode ser algo teórico, pois Jesus nos ensinou a carregá-la todos os dias se quisermos ser seus discípulos/as. E isso vale de forma particular para os tempos mais difíceis de nossa vida.
Com a intercessão da Mãe das Dores, que sempre reúne seus filhos para o encontro com Jesus Cristo, abençoamos a todos com o sinal da cruz, que nos identifica como cristãos.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul