Estimados diocesanos. Hoje saudamos particularmente todas as famílias que acompanham nossas reflexões, sobretudo as de nossa diocese. A presente mensagem está chegando aos vossos lares para trazer saudações e bênçãos por ocasião de mais uma Semana da Família. Vosso Irmão-bispo saúda as famílias em nome da grande família diocesana, que louva e agradece a Deus, porque, em vós e através de vós, Ele continua a realizar as maravilhas de seu amor. A desejada cultura da paz, superando toda forma de violência e buscando caminhos de constante reconciliação, encontre em vossos lares ambiente favorável, onde o amor é possível, mesmo em meio aos limites humanos.
A Igreja católica sempre deu grande valor à família, considerando-a “patrimônio da humanidade, um dos tesouros mais preciosos dos nossos povos”. O Documento de Aparecida a considera “lugar e escola de comunhão, fonte de valores humanos e cívicos, lar onde a vida humana nasce e se acolhe generosa e responsavelmente”. Ela também se torna escola de fé, fazendo dos pais os primeiros catequistas de seus filhos. É com eles que acontece o verdadeiro caminho da iniciação cristã. Assim ela é considerada santuário da vida e pequena Igreja, isto é, Igreja doméstica. Neste ambiente os filhos têm o direito de poder contar com o pai e a mãe para que os cuidem e acompanhem até a plenitude da vida. (cf. DAp 302-303).
Se a família é tão importante para todos, se a vida é acolhida neste ambiente favorável e sadio, por que há tantos desajustes, desuniões, órfãos ou filhos e filhas que não conseguem aprender a primeira lição da vida, que é amar? Por que está em crise a nossa instituição familiar e, consequentemente, as relações na sociedade, da qual é célula-mãe? - A causa fundamental, certamente, se resume na ausência do verdadeiro amor. O “amor” que hoje é cantado em prosa e verso e vivido ao nosso redor parece ser muito mais uma expressão de egoísmo, em que o Ego é o ponto de partida, o referencial de tudo; em que os outros têm que estar ao meu dispor, ao meu gosto, à minha vontade. Assim sendo, torna-se facilmente um “amor hedonista ou egoísta”, de consumo, de diversão, sem compromisso com a vida dos outros. Aliás, na visão cristã, este não deveria ser chamado “amor”, pois, segundo esta filosofia de vida, quando surge renúncia, sacrifício, dificuldade, doação, busca-se com facilidade distanciamento e novos caminhos surgem, muitas vezes, sem medir as conseqüências para os outros, sobretudo no caso da família. A título de felicidade pessoal, causa-se a infelicidade para os outros, destruindo-se o lar e causando conseqüências indeléveis, sobretudo na vida dos filhos, os mais prejudicados, normalmente incapazes de integrar em sua vida emocional os conflitos e as separações dos que eles mais amam e com os quais têm a oportunidade, talvez única, de aprender a amar de verdade.
Dizíamos que a causa principal da crise da família está na falsa compreensão de amor. Onde, então, encontraremos o verdadeiro amor? Para nós cristãos há somente um caminho, uma fonte: Jesus Cristo. Ele nos ensinou que o amor é doação, é entrega e serviço para que os outros sejam salvos, sejam felizes, tenham mais vida e a tenham em abundância (Jo 10, 10). Deus Trindade, fonte do verdadeiro amor, abençoai nossas famílias e tornai-as sempre mais sacrários de amor e de vida.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul