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05/07/2022 - AMORIS LAETITIA = A ALEGRIA DO AMOR – II

Queridas famílias. Na mensagem anterior tecemos algumas considerações sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco: Amoris Laetitia = A Alegria do Amor. Hoje continuamos, a partir do capítulo VI do documento, com algumas reflexões pastorais. O Papa insiste que não bastam anúncios teóricos sobre a família, desligados dos problemas reais das pessoas (cf. n. 201). Este contexto exige formação adequada dos presbíteros, seminaristas, consagrados e dos diversos agentes no campo catequético e pastoral, sobretudo familiar (cf. n. 202-204). Destaque particular dá o Santo Padre aos noivos na preparação do Matrimônio para que descubram a riqueza e o valor deste sacramento (cf. n. 205): “Aprender a amar alguém não é algo que se improvisa, nem pode ser o objetivo de um breve curso antes da celebração do matrimônio” (n. 208). Não basta atração mútua, mas é preciso conhecer-se, ter capacidade de renúncias, de estabilidade, de união perene... (cf. n. 209-210). Haja coragem para renunciar às propostas da sociedade de consumo que absorvem tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria, deixando os noivos exaustos para o momento da celebração, na qual decidem suas vidas para o futuro: “Queridos noivos, tende a coragem de ser diferentes, não vos deixeis devorar pela sociedade do consumo e da aparência. O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça. Vós sois capazes de optar por uma festa austera e simples, para colocar o amor acima de tudo” (n. 212).
O matrimônio nunca pode ser entendido como algo acabado; por isso torna-se indispensável que os cônjuges sejam acompanhados para enriquecer e aprofundar a decisão, sobretudo, nos primeiros anos de matrimônio, sem ferir o protagonismo de sua história (cf. n. 217-220, 223). Em cada nova etapa da vida é preciso negociar novamente os acordos para que ambos cresçam: “Assumir o matrimônio como um caminho de amadurecimento, onde cada um dos cônjuges é um instrumento de Deus para fazer crescer o outro” (n. 221). O matrimônio cristão, na sua identidade, abre-se à nova vida: “Os filhos constituem um dom maravilhoso de Deus, uma alegria para os pais e para a Igreja” (n. 222). Os casais podem fortalecer sua vida de amor com o apoio da pastoral familiar e, sobretudo, pela força da oração e da Palavra de Deus (cf. n 227).
A história de uma família é também marcada por crises. Além das pessoais, econômicas, laborais, afetivas, sociais, espirituais, surgem as de todos: crise do início; da chegada dos filhos e sua educação; do ‘ninho vazio’, da velhice dos pais ou outras, as quais podem afetar a união do casal (cf. n. 235). O perdão e a reconciliação são fundamentais para que cada situação se torne oportunidade de recriar o amor mais uma vez (cf. n. 237). “Há casos em que a separação é inevitável... remédio extremo, depois que se tenham demonstrado vãs todas as tentativas razoáveis” (n. 241). Pessoas divorciadas com nova união não estão excomungadas; fazem parte da Igreja (cf. n. 243). Os processos de nulidade matrimonial sejam mais agilizados (cf. n. 244). Os filhos não sejam usados como vítimas das desuniões (cf. n. 245-246) e “não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família” (n. 251). No final do cap. VI aborda-se a morte, com perspectiva de esperança na vida eterna: “A pessoa amada não precisa de nossa tristeza, nem deseja que arruinemos nossa vida” (n. 255). A união dos falecidos conosco não se interrompe. Uma maneira de nos comunicarmos com os entes queridos, que já partiram para a eternidade, é rezar por eles e tornar sua intercessão mais eficaz em nosso favor (cf. n. 257).

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul