Caros diocesanos. A Diocese de Santa Cruz do Sul, como em muitas outras Igrejas particulares do Rio Grande do Sul e do país, seguindo o espírito do Concílio Vaticano II, do Documento de Aparecida, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019, das orientações do Papa Francisco, assume como prioridade pastoral: a Iniciação à Vida Cristã, dentro do espírito catecumenal, na perspectiva de uma Igreja samaritana.
Ao contemplarmos a nossa vida cristã, percebemos que há duas importantes fases, enquanto vivemos como cristãos, neste mundo: a “Iniciação à Vida Cristã e a Vida Cristã Permanente. A primeira fase contempla todo processo de conhecimento e encontro com Jesus Cristo e de inserção na comunidade cristã. Ela contempla também três sacramentos que formam unidade: batismo, eucaristia e crisma (confirmação). Nos primórdios do cristianismo, quando a iniciação acontecia normalmente com adultos, estes três sacramentos eram recebidos numa mesma celebração, na Vigília Pascal, depois de longo processo de preparação, chamado catequese catecumenal. A restauração do catecumenato, atualizado aos nossos tempos, deseja retomar a dimensão mística e celebrativa da catequese dos primeiros séculos (IVC 59). É um processo gradual ou itinerário catequético que inicia as pessoas no mistério de Cristo (experiência da união com Deus) e ajuda a amadurecer na fé e comunhão da Igreja. O Documento de Aparecida afirma: “Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287). Conceber a catequese a serviço da iniciação à vida cristã implica em assumi-la como um longo processo de introdução dos ainda não iniciados, independente da sua idade, nos diversos aspectos da vida cristã. Na verdade, os catecúmenos começam a caminhada para Deus, rumo à maturidade em Cristo, e durante este processo também recebem sacramentos. A catequese de iniciação à vida cristã nunca pode receber caráter de formatura cristã para o resto da vida.
Por isso podemos falar numa segunda fase: Vida Cristã Permanente. Se hoje o sacramento da Crisma, de certa forma, conclui a Iniciação à Vida Cristã, ao mesmo tempo inicia a fase permanente, que continua o amadurecimento da fé por toda vida, com definição vocacional e inserção gradativa na vida e missão da comunidade cristã (IVC 121). Por isso, a Iniciação à Vida Cristã deve acontecer não apenas uma vez na vida. A adesão que tal processo de inspiração catecumenal promove “deve ser feita pela primeira vez, mas refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir. Nossas comunidades precisam ser mistagógicas, lugares por excelência da catequese, preparadas para favorecer que o encontro com Jesus Cristo se faça e se refaça permanentemente” (DGAE 2015-2019, n. 43). Não é catequese ocasional (só para sacramentos), mas permanente. “Isso implica melhor formação dos responsáveis e um itinerário catequético permanente, assumido pela Igreja Particular” (DGAE 2015-2019, n. 84), aberta para todas as idades e situações da vida. Portanto, todos são bem-vindos para aprofundar seu encontro com Jesus Cristo e inserção na comunidade de fé!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul