Caros diocesanos. Como seres humanos, somos irmãos e irmãs de coração aberto ao mundo inteiro, mas as fronteiras contêm limites. No quarto capítulo do documento Fratelli Tutti, o Papa Francisco afirma que é preciso tratar os migrantes com quatro verbos: acolher, proteger, promover e integrar. A integração dos migrantes nos países de acolhimento é fundamental e, ao mesmo tempo, é preciso favorecer o desenvolvimento dos países de origem com políticas solidárias, para evitar a necessidade de migração.
Quando se acolhe com todo o coração a pessoa diferente, permite-se que mantenha sua identidade, ao mesmo tempo que se lhe dá a possibilidade dum desenvolvimento novo. Por isso o Papa afirma: “Se forem ajudados a integrar-se, os imigrantes são uma bênção, uma riqueza e um novo dom, que convida a sociedade a crescer” (FT 135). Hoje nenhum Estado nacional isolado é capaz de garantir o bem comum da própria população. E é preciso mudar a ideia de sempre receber vantagem: “Quem não vive a gratuidade fraterna, transforma a sua existência num comércio cheio de ansiedade: está sempre a medir aquilo que dá e o que recebe em troca. Em contrapartida, Deus dá de graça, chegando ao ponto de ajudar mesmo os que não são fiéis e ‘fazer com que o Sol se levante sobre os bons e os maus’” (Mt 5, 45).
A fraternidade universal e a amizade social dentro de cada sociedade são dois polos inseparáveis e ambos essenciais. Separá-los leva a uma deformação e a uma polarização nociva.
No capítulo quinto, o Papa fala sobre a política melhor: “Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum” (FT 154). Por isso o documento papal condena a falsa política que acaba num populismo insano, o qual procura atrair consensos a fim de instrumentalizar politicamente a cultura do povo, sob qualquer sinal ideológico, ao serviço do seu projeto pessoal e da sua permanência no poder. Afirma o Santo Padre: “É o que acontece quando a propaganda política, os meios e os criadores de opinião pública persistem em fomentar uma cultura individualista e ingênua, à vista de interesses econômicos desenfreados e da organização das sociedades ao serviço daqueles que já têm demasiado poder” (FT 166). O mercado, por si só, não resolve tudo, embora às vezes nos queiram fazer crer neste dogma de fé neoliberal. Os Estados nacionais vivem uma perda de poder, pois a dimensão econômico-financeira, de caráter transnacional, tende a prevalecer sobre a política: “A política não deve submeter-se à economia... Não se pode justificar uma economia sem política” (FT 177).
A pandemia nos ensinou que devemos voltar a pôr a dignidade humana no centro e sobre este pilar construir as estruturas sociais alternativas de que precisamos. O Papa reafirma que a política “é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum” (FT 180). Isso nos faz perceber que o amor não se expressa somente nas relações íntimas e próximas, mas também nas macrorrelações, como relacionamentos sociais, econômicos e políticos. A caridade social leva-nos a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem de todas as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as une: “É caridade acompanhar uma pessoa que sofre, mas é caridade também tudo o que se realiza – mesmo sem ter contato direto com essa pessoa – para modificar as condições sociais que provocam o seu sofrimento” (FT 186).
Quando se acolhe com todo o coração a pessoa diferente, permite-se que mantenha sua identidade, ao mesmo tempo que se lhe dá a possibilidade dum desenvolvimento novo. Por isso o Papa afirma: “Se forem ajudados a integrar-se, os imigrantes são uma bênção, uma riqueza e um novo dom, que convida a sociedade a crescer” (FT 135). Hoje nenhum Estado nacional isolado é capaz de garantir o bem comum da própria população. E é preciso mudar a ideia de sempre receber vantagem: “Quem não vive a gratuidade fraterna, transforma a sua existência num comércio cheio de ansiedade: está sempre a medir aquilo que dá e o que recebe em troca. Em contrapartida, Deus dá de graça, chegando ao ponto de ajudar mesmo os que não são fiéis e ‘fazer com que o Sol se levante sobre os bons e os maus’” (Mt 5, 45).
A fraternidade universal e a amizade social dentro de cada sociedade são dois polos inseparáveis e ambos essenciais. Separá-los leva a uma deformação e a uma polarização nociva.
No capítulo quinto, o Papa fala sobre a política melhor: “Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum” (FT 154). Por isso o documento papal condena a falsa política que acaba num populismo insano, o qual procura atrair consensos a fim de instrumentalizar politicamente a cultura do povo, sob qualquer sinal ideológico, ao serviço do seu projeto pessoal e da sua permanência no poder. Afirma o Santo Padre: “É o que acontece quando a propaganda política, os meios e os criadores de opinião pública persistem em fomentar uma cultura individualista e ingênua, à vista de interesses econômicos desenfreados e da organização das sociedades ao serviço daqueles que já têm demasiado poder” (FT 166). O mercado, por si só, não resolve tudo, embora às vezes nos queiram fazer crer neste dogma de fé neoliberal. Os Estados nacionais vivem uma perda de poder, pois a dimensão econômico-financeira, de caráter transnacional, tende a prevalecer sobre a política: “A política não deve submeter-se à economia... Não se pode justificar uma economia sem política” (FT 177).
A pandemia nos ensinou que devemos voltar a pôr a dignidade humana no centro e sobre este pilar construir as estruturas sociais alternativas de que precisamos. O Papa reafirma que a política “é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum” (FT 180). Isso nos faz perceber que o amor não se expressa somente nas relações íntimas e próximas, mas também nas macrorrelações, como relacionamentos sociais, econômicos e políticos. A caridade social leva-nos a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem de todas as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as une: “É caridade acompanhar uma pessoa que sofre, mas é caridade também tudo o que se realiza – mesmo sem ter contato direto com essa pessoa – para modificar as condições sociais que provocam o seu sofrimento” (FT 186).
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul