Ao abordar o tema da família, a Campanha da Fraternidade de 1977 tinha como lema “Comece em sua casa”. Penso que este lema poderia ser adotado por todos os brasileiros diante da caótica situação política em que nos encontramos. Se, em vez de ficar jogando pedra nos outros e procurando defeitos em tudo o que fazem, cada pessoa, entidade e partido político parasse por alguns instantes e olhasse para o seu interior, certamente os frutos a serem colhidos seriam de melhor qualidade. Conforme afirmação de Carlo Climati, na página do Zenit do dia 05 de abril, “o mundo ao nosso redor é um reflexo do que somos. Se quisermos mudá-lo para melhor, somos nós que temos que dar o primeiro passo. Se mudarmos um pouco a nossa vida para melhor, todo mundo vai mudar, inclusive o mundo da política”. Daí o desafio: “comece em sua casa!”.
Lembro aqui da admiração que as palavras de Jesus provocavam nas pessoas que o escutavam, “pois ele as ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas” (Mc 1,22). Em seus ensinamentos, Jesus propunha: “tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão” (Mt 7,5). Podemos perguntar: Quais são as traves que nos impedem de enxergar os ciscos presentes no olho dos irmãos? Será que, antes de proceder a qualquer outro julgamento, não será preciso eliminar algumas traves que transformam muitos dos discursos que escutamos em palavras desprovidas de autoridade?
O momento político atual, conforme nota publicada pela CNBB junto com associações de magistrados e juízes no dia 04 de abril, exige “que os atores da cena política procurem o entendimento para consolidar a luta contra a corrupção, sempre de acordo com a institucionalidade democrática”. Por isso “formulamos veemente e fraterno apelo à inteira sociedade brasileira e suas instituições para se engajarem, de forma decidida, na incansável luta pela Justiça e pela Paz, para a construção de um país, casa comum de brasileiros e brasileiras e daqueles que adotaram esta terra como seu lar”.
Aproveitemos as celebrações do tempo pascal para nos aproximarmos de Jesus, o Bom Pastor, que enviou Simão Pedro para “apascentar as suas ovelhas” depois que ele proclamou o seu amor ao Mestre. Acima de tudo, porém, procuremos seguir os passos de Jesus que nos conduzem pelos caminhos do amor e do entendimento! A partir de nós mesmos, de nossas comunidades, entidades, partidos políticos e grupos de convivência, busquemos mudar para melhor para que, desta forma, o mundo também se torne melhor.
Que a paz do Cristo Ressuscitado esteja com todos!
Pe. Roque Hammes
Assessor de Comunicação da Diocese de Santa Cruz do Sul