Caros diocesanos. Ao lerem ou ouvirem estas palavras, estarei em Roma, na chamada Visita ad Limina. O que mesmo vem a ser esta visita, para a qual os bispos que presidem as Igrejas Particulares (dioceses) são convidados pelo Santo Padre? A tradicional expressão latina Ad Limina Apostolorum significa literalmente que os bispos realizam uma visita à soleira, ao umbral, ao limiar da porta de entrada onde estão as relíquias dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. Portanto, os bispos fazem uma verdadeira Romaria (peregrinar a Roma) para o local da sepultura dos Apóstolos citados. Esta é uma tradição muito antiga, pois já nos primórdios da Igreja os fiéis se dirigiam ao túmulo dos Apóstolos para ali rezar.
O principal objetivo desta visita visa um “revigoramento da própria responsabilidade de sucessores dos Apóstolos e da comunhão hierárquica com o Sucessor de Pedro, e a referência na visita a Roma, ao túmulo dos Santos Pedro e Paulo, pastores e colunas da Igreja Romana... O Supremo Pastor recebe os Pastores das Igrejas Particulares, trata com estes das questões concernentes ao seu ministério eclesial” (Diretório da Visita ad Limina, p. 3). A visita tem profundo significado espiritual e de comunhão eclesial, pois o encontro do Papa com os bispos das Igrejas Particulares visa a unidade da fé, da esperança e da caridade, mantendo juntos o imenso patrimônio de valores espirituais e morais, construídos pela Igreja Católica, ao longo dos séculos.
Em vista da comunicação contínua entre as Igrejas Particulares e a Santa Sé, os bispos são convidados a apresentar, já bem antes da visita, vasto relatório sobre o estado da diocese. O mesmo servirá como referência para o encontro pessoal ou de grupo com o Santo Padre e o contato com os diversos Dicastérios (Congregações, Secretarias) da Cúria Romana, que são setores da vida e missão da Igreja Católica.
A Visita ad Limina é instrumento e expressão bem concreta da catolicidade (universalidade) da Igreja, da unidade do Colégio dos Bispos (Colegialidade – Sinodalidade), incorporada na pessoa do sucessor de Pedro e marcada pelo lugar do seu martírio. A visita exige um encontro recíproco entre o Santo Padre e seus Irmãos Bispos. É a relação íntima entre a Igreja Particular e a Igreja Universal. Diz o Diretório, acima citado: “Encontram-se duas pessoas, o Bispo de uma Igreja Particular e o Bispo de Roma, sucessor de Pedro, cada qual com sua responsabilidade indeclinável, mas encontram-se não como pessoas isoladas; cada qual representa a seu modo o ‘nós’ da Igreja, o ‘nós’ dos fiéis, o ‘nós’ dos Bispos... Na sua comunhão comungam os seus fiéis, comungam a Igreja universal e Igrejas Particulares” (Idem, p. 21).
Quando tudo isto acontecer, nós estaremos em profunda comunhão, própria do espírito sinodal (Caminhar juntos). Vosso Irmão-bispo não estará se sentindo sozinho, isolado no velho Continente, cumprindo uma missão de seu interesse pessoal, mas tentará representar todos os diocesanos/as no encontro com o Papa Francisco para manifestar nossa comunhão e fidelidade com a Igreja universal. Quando celebrarmos junto à sepultura dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, estaremos em sintonia e nossa prece será para todos/as sermos verdadeiros e dignos discípulos missionários em nosso tempo na Diocese de Santa Cruz do Sul, como o foram estes Evangelizadores no mundo conhecido de então e que deram sua vida pela causa do Evangelho. Por isso podemos invocar: “São Pedro e São Paulo, rogai por nós. Intercedei a Deus por nós!”
Da sepultura de São Pedro e São Paulo; da Roma de tantos cristãos mártires, recebam nossa bênção, especialmente as mães, no seu dia!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul.