Caros diocesanos. Durante o mês de junho dedicamos
várias mensagens sobre a celebração dos santos e santas. Alguns deles
são bem populares, como Santo Antônio, São Luís, São João Batista, nosso
padroeiro diocesano, e vários outros. Entre estes está também o bispo e
mártir Santo Irineu de Lyon (28 de junho). Não é nosso desejo
apresentar uma biografia desse santo, mas destacar que ele nasceu na
primeira metade do séc. II, tendo contatos com São Policarpo que foi
discípulo de São João Evangelista. Assim percebemos que Santo Irineu
viveu muito próximo das primeiras comunidades cristãs, bebendo das
fontes originais do cristianismo. Seu nome vem do grego (Irenaios) e
significa pacífico ou pacificador. Uma de suas obras conhecidas é Adversas Haereses (Contra as Heresias). Neste escrito encontramos a famosa frase: “Gloria enim Dei homo vivens”
— A glória de Deus é o homem vivente, com vida; ou, numa tradução mais
livre: A glória de Deus é a pessoa humana com vida digna, à sua imagem e
semelhança, como nos afirma a primeira página da Sagrada Escritura (cf.
Gn 1, 26-27). Ao tirarmos as consequências dessa afirmação, nos damos
conta que promover, dignificar, cuidar a vida, sobretudo a humana, é
louvar a Deus. Portanto, as mesmas mãos que erguemos em louvor a
Deus, em nossas orações, devem ser as que estendemos aos irmãos e irmãs
para que todos tenham vida digna. Oração e caridade devem andar juntas.
Pelo Evangelho percebemos que o centro da Palavra de Jesus Cristo e de suas ações, culminando na doação da sua vida na cruz, é o mandamento do amor, da caridade: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Portanto, não bastam espiritualismos ou intimismos religiosos, sem a presença da via da caridade ao próximo, em todas as dimensões da vida. Como afirma São Paulo: “A fé agindo pelo amor” (Gl 5, 6). Do mesmo modo, não bastam ações sociais, sem espiritualidade (cf. EG 262).
O Papa Francisco nos alerta que o tempo da pandemia revela com mais evidência o quanto temos dificuldades de agir em conjunto: “Deus criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade e os chamou a conviver entre si como irmãos” (cf. FT 5 e 7). Esse amor/caridade expressa-se não só nas relações mais íntimas ou próximas de nós, mas também nas relações em favor do bem comum: dimensão social, política, econômica, cultural. Neste sentido afirma Bento XVI:“A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja... A caridade dá verdadeira substância à relação pessoal com Deus e com o próximo; é o princípio não só das microrrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas também das macrorrelações como relacionamentos sociais, econômicos, políticos” (CV 2). E o Papa Francisco acrescenta: “Um indivíduo pode ajudar uma pessoa necessitada, mas, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e justiça para todos, entra no ’campo da caridade mais ampla, a caridade política’... Convido uma vez mais a revalorizar a política, que ’é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum (EG, n. 205)” (FT 180).
Vivemos tempos difíceis para este modo de pensar e agir. Mas este é o caminho secular da Doutrina Social da Igreja, do Concílio Ecumênico Vaticano II, dos santos Paulo VI, João XXIII, João Paulo II, dos Papas Bento e Francisco, da CNBB, das nossas dioceses, portanto, o nosso caminho. Que a fé e a caridade, a vida espiritual e a solidariedade possam andar juntas, como Jesus nos ensinou. Santo Irineu, rogai por nós!
Pelo Evangelho percebemos que o centro da Palavra de Jesus Cristo e de suas ações, culminando na doação da sua vida na cruz, é o mandamento do amor, da caridade: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Portanto, não bastam espiritualismos ou intimismos religiosos, sem a presença da via da caridade ao próximo, em todas as dimensões da vida. Como afirma São Paulo: “A fé agindo pelo amor” (Gl 5, 6). Do mesmo modo, não bastam ações sociais, sem espiritualidade (cf. EG 262).
O Papa Francisco nos alerta que o tempo da pandemia revela com mais evidência o quanto temos dificuldades de agir em conjunto: “Deus criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade e os chamou a conviver entre si como irmãos” (cf. FT 5 e 7). Esse amor/caridade expressa-se não só nas relações mais íntimas ou próximas de nós, mas também nas relações em favor do bem comum: dimensão social, política, econômica, cultural. Neste sentido afirma Bento XVI:“A caridade é a via mestra da doutrina social da Igreja... A caridade dá verdadeira substância à relação pessoal com Deus e com o próximo; é o princípio não só das microrrelações estabelecidas entre amigos, na família, no pequeno grupo, mas também das macrorrelações como relacionamentos sociais, econômicos, políticos” (CV 2). E o Papa Francisco acrescenta: “Um indivíduo pode ajudar uma pessoa necessitada, mas, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e justiça para todos, entra no ’campo da caridade mais ampla, a caridade política’... Convido uma vez mais a revalorizar a política, que ’é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum (EG, n. 205)” (FT 180).
Vivemos tempos difíceis para este modo de pensar e agir. Mas este é o caminho secular da Doutrina Social da Igreja, do Concílio Ecumênico Vaticano II, dos santos Paulo VI, João XXIII, João Paulo II, dos Papas Bento e Francisco, da CNBB, das nossas dioceses, portanto, o nosso caminho. Que a fé e a caridade, a vida espiritual e a solidariedade possam andar juntas, como Jesus nos ensinou. Santo Irineu, rogai por nós!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Bispo de Santa Cruz do Sul