Vivemos numa sociedade onde, com muita facilidade, acontece
o divórcio entre fé e vida. É muito comum escutar cristãos afirmando que “a
Igreja não deve se meter na política” e que padres e bispos devem restringir
suas atividades à prática sacramental. Por estas e outras razões, é que a
Campanha da Fraternidade de 2015 cresce em importância.
Se olharmos para a vida de Jesus Cristo, percebemos que Ele
se ocupou em revelar o Pai através de palavras, ações e preces. Além de falar
nas sinagogas e no templo de Jerusalém, falou também em praças públicas, na
beira do lago de Genezaré, nas casas das famílias e no meio dos caminhos.
Denunciou a hipocrisia dos fariseus e chefes das sinagogas e prometeu a
felicidade do Reino de Deus aos sofredores e explorados. Estendeu a mão aos
doentes, providenciou comida aos famintos e ofereceu o perdão aos pecadores. Também
reservou tempo para a oração, onde se encontrava com o Pai a sós ou junto com o
grupo de discípulos.
Sintonizado com o ensinamento de Jesus Cristo, o Vaticano II
afirma que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens
de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo;
e não há realidade verdadeiramente humana que não encontre eco no coração da
Igreja”.
O Texto Base da Campanha da Fraternidade (n. 149) insiste
que “a missão da Igreja Católica é colocar à disposição do gênero humano as
forças salvadoras que ela recebe de Cristo. Propõe salvar a pessoa humana
integralmente e restaurar a sociedade humana no que se refere à sua finalidade
mais autêntica: o desenvolvimento integral a partir do bem comum”.
Em meio às manifestações de rua ocorridas nas últimas semanas
como reação às denúncias de “corrupção na Petrobrás, as recentes medidas de
ajuste fiscal adotadas pelo Governo, o aumento da inflação e a crise na relação
entre os três Poderes da República”, a CNBB publicou uma nota alertando para a
urgência de medidas que ajudem a encontrar uma saída para o momento de crise.
“Qualquer resposta, no entanto, que atenda ao mercado e aos interesses
partidários antes que às necessidades do povo, especialmente dos mais pobres,
nega a ética e desvia-se do caminho da justiça”.
A nota da CNBB, preocupada com a paz, a justiça e a
manutenção da ordem, conclama ao “diálogo que supera os radicalismos e impede o
ódio e a divisão”.
Unamo-nos, pois, na busca do bem comum da nossa Pátria.
Continuemos na luta pela Reforma Política, e peçamos a Deus que acompanha o seu
povo e o assiste em suas necessidades, que Ele “abençoe o Brasil e dê a todos
força e sabedoria para contribuir para a justiça e a paz. Nossa Senhora
Aparecida, padroeira do Brasil, interceda pelo povo brasileiro”.
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano