Caros diocesanos. Em 03 de outubro de 2020, o Papa Francisco emitiu nova Carta Encíclica, chamada Fratelli Tutti (FT) – Todos Irmãos. Seu objetivo é refletir sobre a fraternidade e a amizade social aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física. É o espírito da fraternidade universal, de uma sociedade fraterna, pregada e vivida por São Francisco. Por isso, o documento foi assinado ao lado do túmulo do Santo de Assis. O Pontífice parte do princípio que Deus criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos, alimentando o novo sonho de fraternidade universal e amizade social que não se limita a palavras. A recente experiência do Covid-19 evidenciou como a humanidade é incapaz de agir em conjunto, apesar de estar superconectada: “A conexão digital não basta para lançar pontes, não é capaz de unir a humanidade” (FT 43).
O primeiro capítulo aborda as sombras de um mundo fechado, que dificulta a fraternidade universal, onde a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. Estamos mais sozinhos do que nunca neste mundo massificado, que privilegia os interesses individuais e debilita a dimensão comunitária da existência. Vivemos um mundo que esvazia a consciência histórica e prega um individualismo sem conteúdo, que não quer permitir a construção de um ‘nós’, favorecendo uma cultura vazia, fixada no imediato e sem um projeto comum. Dessa forma, aumenta a riqueza, mas sem equidade, e assim nascem novas pobrezas que resultam no descarte, não apenas com os alimentos ou os bens supérfluos, mas com os próprios seres humanos. Os direitos humanos não são suficientemente iguais para todos. O Papa afirma que diante de tantos desafios há um inaceitável silêncio internacional, com características de uma indiferença acomodada, fria e globalizada. E adverte: “O isolamento e o fechamento em nós mesmos ou nos próprios interesses nunca serão o caminho para voltar a dar esperança e realizar uma renovação, mas é a proximidade, a cultura do encontro. O isolamento, não; a proximidade, sim. Cultura do confronto, não; cultura do encontro, sim” (FT 30). Urge, portanto, repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e sobretudo o sentido da nossa existência.
A Carta-Encíclica Fratelli Tutti ainda faz uma advertência muito forte em relação aos gigantescos interesses econômicos que operam no mundo digital, muitas vezes com agressividade social e em circuitos fechados que facilitam a divulgação de informações e notícias falsas, fomentando preconceitos e ódios: “Os fanatismos, que induzem a destruir os outros, são protagonizados também por pessoas religiosas, sem excluir os cristãos, que podem fazer parte de redes de violência verbal através da internet e vários fóruns ou espaços de intercâmbio digital” (FT 46).
O Papa Francisco, apesar de todos os problemas apontados, termina o primeiro capítulo, fazendo um apelo à esperança: “Convido à esperança que nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor... Caminhemos na esperança” (FT 55).
O primeiro capítulo aborda as sombras de um mundo fechado, que dificulta a fraternidade universal, onde a sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. Estamos mais sozinhos do que nunca neste mundo massificado, que privilegia os interesses individuais e debilita a dimensão comunitária da existência. Vivemos um mundo que esvazia a consciência histórica e prega um individualismo sem conteúdo, que não quer permitir a construção de um ‘nós’, favorecendo uma cultura vazia, fixada no imediato e sem um projeto comum. Dessa forma, aumenta a riqueza, mas sem equidade, e assim nascem novas pobrezas que resultam no descarte, não apenas com os alimentos ou os bens supérfluos, mas com os próprios seres humanos. Os direitos humanos não são suficientemente iguais para todos. O Papa afirma que diante de tantos desafios há um inaceitável silêncio internacional, com características de uma indiferença acomodada, fria e globalizada. E adverte: “O isolamento e o fechamento em nós mesmos ou nos próprios interesses nunca serão o caminho para voltar a dar esperança e realizar uma renovação, mas é a proximidade, a cultura do encontro. O isolamento, não; a proximidade, sim. Cultura do confronto, não; cultura do encontro, sim” (FT 30). Urge, portanto, repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e sobretudo o sentido da nossa existência.
A Carta-Encíclica Fratelli Tutti ainda faz uma advertência muito forte em relação aos gigantescos interesses econômicos que operam no mundo digital, muitas vezes com agressividade social e em circuitos fechados que facilitam a divulgação de informações e notícias falsas, fomentando preconceitos e ódios: “Os fanatismos, que induzem a destruir os outros, são protagonizados também por pessoas religiosas, sem excluir os cristãos, que podem fazer parte de redes de violência verbal através da internet e vários fóruns ou espaços de intercâmbio digital” (FT 46).
O Papa Francisco, apesar de todos os problemas apontados, termina o primeiro capítulo, fazendo um apelo à esperança: “Convido à esperança que nos fala duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor... Caminhemos na esperança” (FT 55).
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul