Caros diocesanos. Iniciemos o ano de 2019, perguntando-nos sobre o sentido da vida. Na cultura dos povos a chegada da nova vida humana, normalmente, é saudada com boas-vindas e celebrada, de tempos em tempos, com manifestações festivas. Tudo revela que gostamos de viver e conviver. Aliás, gostaríamos que a vida neste mundo não tivesse fim. Contudo, toda pessoa humana traz escrito no mais profundo do seu ser o destino para a morte biológica, que gravita sobre a sua existência qual necessidade inevitável e como constante ameaça, sobretudo nos tempos de insegurança que vivemos hoje. O tema da morte atinge profundamente a pessoa humana, a tal ponto que ela até muda seu comportamento com Deus, com as outras pessoas, com o mundo e consigo mesma. O Concílio Vaticano II afirma: “Diante da morte, o enigma da condição humana atinge seu ponto alto... A semente da eternidade... insurge-se contra a morte” (GS 18). Dentro de nós existe uma ânsia de eternidade, uma esperança de plenitude. De fato, fomos criados à imagem e semelhança do Criador. Existe em nós a semente da eternidade, da imortalidade, que vem chocar-se com a situação do limite humano, criado pelo pecado, trazendo consigo a morte. Era preciso, portanto, uma redenção para que a vida eterna fosse novamente possível, mesmo tendo que passar pela morte humana. Para os cristãos, esta redenção já foi conquistada por Jesus Cristo, esperando nossa adesão a ela pelo batismo e pela vida cristã coerente. Aliás, sem esta profissão de fé e prática consequente, os enigmas da vida e da morte tornam-se mistérios insolúveis. Sem Jesus Cristo, nossa vida na terra oferece no máximo uma espécie de sucesso vazio, que passa e se esvai como areia entre os dedos. Jesus resume o sentido da vida numa única frase: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (Jo 3, 36).
Através da história a pessoa humana sempre tentou dar resposta à cruciante pergunta sobre o sentido da sua existência. E há uma quantidade inumerável de respostas. No entanto, não existe resposta satisfatória sem o recurso à fé, à religião; ou temos que ser coerentes como o filósofo ateu Jéan Paul Sartre, que afirma ser a vida um caminhar para o nada, o vazio, a morte; sendo a vida, portanto, uma “paixão inútil”. Neste contexto, o grande líder espiritual e pacifista indiano, Mahatma Ghandi, afirma: “Uma vida sem religião é como um barco sem leme”. O físico judeu Albert Einstein diz que “não há oposição entre ciência e religião; apenas há cientistas atrasados”. O gênio da física também se pergunta: “Tem um sentido a minha vida? A vida de um homem tem sentido? Posso responder a tais perguntas se tenho espírito religioso. Mas, ‘fazer tais perguntas tem sentido?’ Respondo: ‘Aquele que considera sua vida e a dos outros sem qualquer sentido é fundamentalmente infeliz, pois não tem motivo algum para viver”. E conclui: “Só uma vida dedicada aos outros merece ser vivida”.
Caros amigos. Hoje fazemos nós esta pergunta: Qual o sentido de minha, de sua vida? Em que direção nós vamos, no início de mais um ano? Jesus disse: “Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 21). Quais são os verdadeiros tesouros de nossa vida? O mundo atual não é definitivo. Estamos de passagem nesta terra; a morada permanente se perpetuará com Deus, na eternidade, se tivermos optado por Ele. Aqui é bom lembrar Bento XVI: “Aquele que crê tem futuro”. Desejamos a todos um abençoado Ano Novo, cheio de sentido para a vida!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul