Caros diocesanos. Estamos para realizar a nossa 12ª Assembleia Diocesana. Sua preparação foi de suma importância, uma vez que dela depende muito o sucesso de sua própria realização. Em nossa Diocese de Santa Cruz do Sul, a assembleia encaminha as decisões para o Plano Diocesano de Pastoral, o qual nos orientará pelos próximos quatro anos. Quanto mais participação das forças vivas da diocese, especialmente através das assembleias paroquiais, mais poderemos dizer que o Plano será de fato “nosso” e por ele acontecerá a verdadeira comunhão eclesial para um comprometimento comum. As Paróquias ou outros organismos de pastoral não são feudos, quais grupos ou entidades isoladas, dentro da diocese, mas células atuantes da vida e da missão de uma Igreja particular, onde os diversos carismas e serviços, integrados, constroem o bem comum de uma Igreja-Comunhão e Participação, tanto desejada pelo Concílio Vaticano II, pelas Conferências Latino-americanas posteriores e os documentos da CNBB, em seus diversos níveis.
O processo das Assembleias paroquiais de nossa diocese forneceu importante material para a Coordenação Diocesana de Pastoral e as três comissões que preparam o VER - JULGAR – AGIR a ser trabalhado na grande Assembleia Diocesana de 14 e 15 de novembro próximo. Que o Espírito Santo nos ilumine na definição de nossa caminhada diocesana para o futuro, na correta leitura dos sinais dos tempos e nos seus encaminhamentos desafiadores, mas necessários.
Estatísticas revelam que o Estado do Rio Grande do Sul passa por acelerado processo de secularização ou secularismo (Viver como se Deus não existisse, com todas as suas consequências). O processo das assembleias paroquiais revela que esta realidade vem minando também nossos ambientes, nossas comunidades ou cidades. Os analistas, em sentido geral, falam em mudança de época (DAp 44). A fé cristã não é mais transmitida como herança de uma geração para outra, de forma quase espontânea. Por isso os documentos falam que hoje não podemos mais pressupor a fé cristã. O anúncio de Jesus Cristo precisa ser explicitado continuamente (DG 2015-2019, n. 41) e com criatividade, mesmo em famílias tradicionalmente católicas de nossas comunidades. Muitas pessoas também foram iniciadas ontologicamente, mas não evangelizados existencialmente, encontrando-se com Jesus Cristo: são cristãos de nome, batizados, mas foram deixando a comunidade de fé ou só participam em eventos especiais, esporadicamente. Neste contexto não podemos mais contentar-nos com “uma pastoral de mera conservação”; somos convocados para “uma pastoral decididamente missionária” (cf. DAp 370 e DG 2015-2019, n. 30), com ousadia e criatividade, diria o Papa Francisco. Esta não é uma preocupação somente de nossa diocese de Santa Cruz do Sul, mas é percebida em sentido bem geral. As dioceses sentem o desafio e o compromisso da busca de novos caminhos para a evangelização. O dito secular: “Ecclesia semper reformanda” = A Igreja deve sempre reformar-se) torna-se atual e desafiador para nós todos.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul