Caros diocesanos. Hoje saudamos especialmente as/os catequistas, lembrando seu dia. A Igreja sempre tentou valorizar muito a catequese como serviço à Iniciação à Vida Cristã ou à formação cristã permanente, pois sem ela não há como formar os discípulos missionários que o mundo tanto necessita.
O processo de formação dos discípulos missionários (Cf. DAp 278) passa pela catequese. Esta não poderá ser apenas de memorização de conteúdos ou de metodologia escolar clássica, mas conduza para a experiência de Deus na vida cristã. Esse processo inicia com o encontro com Jesus Cristo. O primeiro anúncio (querigma) e o conhecimento do Filho de Deus e seu Reino precisam atingir a experiência do encontro com uma Pessoa. Daí a importância da oração (Liturgia), da escuta da Palavra (Leitura Orante), dos retiros... A partir do encontro com o Mestre, a catequese provoca uma verdadeira conversão, mudança no pensar e no agir. Como nos diz o documento de Aparecida: “Sem o querigma, os demais aspectos desse processo estão condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do querigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira” (DAp 278a). Aqui vem a importância da catequese que conduz ao encontro do Deus da misericórdia e do perdão (sacramento da reconciliação). A palavra conversão na língua hebraica (shub) e grega (metanoia) tem na sua raiz, respectivamente: mudar o caminho, mudar o espírito. A pessoa convertida muda seu caminho de vida, seu modo de pensar. Ela começa a seguir Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6) e começa a pensar a partir d’Ele. Em outras palavras, inicia-se o discipulado. Para a perseverança neste processo, a catequese tem um papel fundamental, pois ela faz amadurecer no conhecimento (doutrina), no amor (encontro) e no seguimento (modo de ser). A catequese não pode contentar-se com a conversão inicial. Deverá tornar-se permanente (mistagógica).
O processo de formação do discipulado não pode reduzir-se ao pessoal, com o perigo de acabar em tendências intimistas que se contentam com o encontro do “meu Jesus”. Um autêntico discipulado, sem ignorar a dimensão pessoal, vai ao encontro da vida comunitária, eclesial: “Não pode existir vida cristã fora da comunidade” (DAp 278d). A comunhão eclesial e solidária é elemento essencial na vida dos cristãos, em todos os grupos, pastorais, associações, serviços, movimentos... Na dinâmica do processo de formação cristã não pode faltar o objetivo principal, a razão de ser do discípulo, que é a missão de evangelizar. O verdadeiro discípulo quer compartilhar com os outros a alegria de sua identidade cristã. A missão é inseparável do discipulado. Por isso falamos em discípulos missionários.
Assim, uma catequese verdadeira e permanente levará catequista (mistagogo/a) e catequizando a dizerem juntos: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29).
Parabéns, catequistas de nossas dioceses! Vocês têm a nobre missão de acompanhar os catequizandos no processo catequético-litúrgico do encontro com Jesus Cristo e da inserção de novos discípulos missionários em nossas comunidades. O Senhor da messe vos abençoe e recompense!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul