Caros diocesanos. Em nossas mensagens precedentes já acentuamos que a Eucaristia é o centro de toda vida cristã e a ela se ordenam os demais sacramentos, assim como os ministérios e as tarefas apostólicas, pois ela contém todo bem espiritual da Igreja (PO 5). Hoje desejamos apresentar formas de culto eucarístico fora da celebração da Missa. No entanto, devemos afirmar imediatamente com a Igreja: “A celebração da Eucaristia no sacrifício da Missa é a origem e o fim do culto que lhe é prestado fora da Missa” (Eucharisticum Mysterium = EM, n. 3). Isso significa que a celebração eucarística é a celebração central e principal para a qual tudo deve convergir. Mesmo considerando esta centralidade celebrativa, a presença do Senhor, na visão católica, também acontece como ‘Deus conosco’ nas espécies eucarísticas que se conservam nas igrejas e oratórios, depois de nossas celebrações (cf. Ibidem).
É preciso deixar claro aos fiéis que a primeira finalidade de conservar a Eucaristia fora da Missa, desde os primórdios da Igreja, é a administração do Viático (comunhão dos gravemente enfermos); os fins secundários são a distribuição da comunhão fora da Missa, especialmente para os que não têm possibilidade de participação da Missa (enfermos e idosos) e a adoração de nosso Senhor Jesus Cristo, presente no Santíssimo Sacramento (cf. EM, n. 49). A conservação das sagradas espécies para os enfermos introduziu na Igreja o louvável costume de adorar este alimento celeste. Por isso, dentro do possível, ao menos por alguns momentos, deixamos abertos nossos templos. Mereça também atenção especial a dignidade do local do sacrário para que favoreça a adoração. O sacrário seja inamovível, de material sólido e não transparente, evitando possíveis profanações; seja acompanhado de lâmpada especial que indique a presença eucarística (cf. A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico Fora da Missa - IG, 9-11). A ninguém é lícito conservar a Eucaristia na própria casa ou levá-la consigo em viagens, a não ser em casos muito especiais e com licença do Bispo diocesano (cf. Cân 935).
Na celebração da Missa manifestam-se as principais modalidades de presença de Cristo na Igreja (cf. SC 7): Em primeiro lugar está presente na assembleia dos fiéis, reunida em seu nome: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18, 20). Também se faz presente na sua Palavra, quando se leem as Sagradas Escrituras na igreja: “Os momentos de celebração da Palavra são ocasiões privilegiadas de encontro com o Senhor” (VD 65). Mas sua presença se manifesta de modo eminente sob as espécies eucarísticas. Esta presença chama-se ‘real’ não por exclusão, como se as outras não o fossem, mas por excelência (cf EM, n. 9). Por isso, sempre é importante considerarmos que a Eucaristia não é a única forma de presença do Senhor entre nós, mesmo que seja a modalidade por excelência. Ao ouvirmos as Escrituras, é o Deus da Palavra que se dirige a nós, convidando ao diálogo da oração, do canto ou mesmo do silêncio. Diante da saudação do Presidente da celebração, quando diz: “O Senhor esteja convosco”, nós clamamos: “Ele está no meio de nós!”. Esta resposta é uma verdadeira profissão de fé na presença do Senhor entre nós, quando nos reunimos no seu amor.
Na próxima mensagem continuaremos a abordar o tema da Sagrada Comunhão e do Culto do Mistério Eucarístico Fora da Missa, destacando principalmente a Comunhão fora da Missa e a Exposição do Santíssimo. Que a ceia eucarística seja o principal alimento de nossa vida cristã!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul